O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, se reuniu nesta quarta-feira (12) em Jidá, na Arábia Saudita, com seus colegas do quarteto anti-Catar, em sua missão de mediação desta inédita crise diplomática no Golfo.
Tillerson já viajou a Doha e ao Kuwait, outros mediadores na disputa entre Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito e o Catar, que é recriminado por seu apoio a grupos extremistas e seus vínculos com Irã xiita.
Catar e Estados Unidos anunciaram na terça-feira (11) a assinatura de um acordo sobre "a luta contra o financiamento do terrorismo" em uma tentativa de responder as acusações dos adversários de Doha.
Mas logo em seguida o quarteto considerou o acordo como insuficiente para começar a solucionar a crise.
Consciente da dificuldade de sua tarefa, Tillerson foi recebido pelo rei Salman da Arábia Saudita pouco após chegar a Jidá, no fim da manhã desta quarta.
Também se encontrou com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, e as duas partes destacaram a solidez dos vínculos entre Riad e Washington.
Tillerson também se reuniu com os ministros das Relações Exteriores de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito. Não houve coletiva ou declarações posteriores.
Estes quatro países romperam relações com o Catar em 5 de junho e impuseram sanções econômicas, entre elas o fechamento de sua única fronteira terrestre, com a Arábia Saudita.
Para reverter as sanções, os quatro países árabes exigiram em 22 de junho o cumprimento de 13 exigências, entre elas o fechamento da emissora de televisão Al-Jazeera e de uma base militar turca, além da revisão das relações com o Irã, principal rival regional da Arábia Saudita sunita.
O ministro de Estado para as Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Anuar Gargash, lançou um violento ataque contra esta emissora em uma carta publicada nesta quarta-feira, acusando-a de antissemitismo e de promover o ódio e a violência.
Dessa forma respondeu ao Alto Comissário da ONU dos Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, que no final de junho expressou a sua preocupação pelos chamados ao fechamento da Al-Jazeera, considerando-os um ataque à liberdade de imprensa.
Doha rechaçou esses requerimentos em seu conjunto ao considerar que violam a sua soberania.
Tillerson esperava capitalizar o acordo de Doha, baseado - segundo disse na terça-feira - na decisão de "erradicar o terrorismo da Terra", tomada durante uma cúpula no final de maio em Riad, junto com cerca de 50 dirigentes muçulmanos e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Mas os quatro adversários são intransigentes. "Uma solução temporária não é [uma iniciativa] sensata", comentou Gargash.
O Catar, por sua vez, se mantém desafiante. Começou a importar por via aérea 4.000 vacas para produzir leite, com o objetivo de atenuar os efeitos do embargo imposto por seus vizinhos.
Seu Ministério da Defesa anunciou no Twitter na terça à noite a chegada de um quinto contingente do Exército turco ao Catar, onde Ancara conta com a base militar que o quarteto exige que seja fechada.
O Irã voltou a criticar nesta quarta-feira as sanções econômicas impostas ao Catar. Desde a sua entrada em vigor, Teerã ajudou Doha aumentando suas exportações de produtos alimentícios ao emirado.
"O uso da ameaça, de pressões e do bloqueio contra vizinhos, especialmente o Catar, é um método equivocado e todos devem tentar reduzir essas tensões na região", afirmou o presidente iraniano, Hassan Rouhani, ao receber o chefe da Diplomacia do Omã, Youssef al-Alawi Abdullah.
Fiel a sua tradição, Omã permanece neutro no conflito. Mantém as suas relações com o Catar e nesta semana se juntou às negociações para resolver a crise, lideradas por Kuwait e Estados Unidos.
A visita de Tillerson à região é a última de uma série de viagens de diplomatas, tanto da ONU como de chanceleres de países europeus, para tentar solucionar o conflito diplomático.
O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, visitará o Golfo neste fim de semana, com escalas no Catar, na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos e no Kuwait.