O emir do Catar afirmou nesta sexta-feira estar disposto ao diálogo, com algumas condições, para solucionar a crise entre seu país e a Arábia Saudita e seus aliados.
"Estamos abertos ao diálogo para solucionar os problemas pendentes", declarou o xeque Tamim Ben Hamad Al Thani em um discurso televisionado, o primeiro desde o início da crise, em 5 de junho.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito romperam as relações diplomáticas com o Catar, acusado de apoiar o terrorismo e de aproximação com o Irã, grande rival regional do reino saudita.
O chefe de Estado catariano colocou como condição para o diálogo "que se respeite a soberania e a vontade de cada Estado".
"A solução não deve chegar na forma de imposições, e sim de compromissos comuns e obrigatórios para todas as partes", acrescentou.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito impuseram fortes sanções econômicas ao emirado.
Para suspendê-las, em 22 de junho, exigiram que Doha cumprisse 13 determinações, incluindo o fechamento da rede de televisão Al-Jazeera e de uma base turca, assim como uma revisão de seus vínculos com o Irã.
O Catar rejeitou as reivindicações, considerando-as uma violação de sua soberania.
O xeque Tamim defendeu sua política. "Catar luta incansavelmente contra o terrorismo", que Doha considera "um crime contra a humanidade", afirmou.
Ele acusou seus quatro oponentes de querer "impor [sua] tutela" ao Catar e de "atentar contra a liberdade de expressão e o direito de informação", em referência ao pedido de fechamento da Al-Jazeera.
Sua intervenção acontece um dia depois de anunciar que o Catar modificará sua lei de combate ao terrorismo.
A emenda foi saudada na sexta-feira como um "passo positivo" pelo ministro das Relações Exteriores dos Emirados Árabes, Anwar Gargash.
A nova lei define os termos de "terroristas, crimes e entidades terroristas assim como o de financiamento do terrorismo".
"É um passo positivo para tratar com seriedade a lista de 59 terroristas", explicou Gargash em Twitter.
Riad e seus aliados publicaram em 9 de julho uma lista com 59 pessoas e 12 entidades que, segundo eles, estariam "vinculadas ao Catar e a serviço de um programa político suspeito do Catar". Doha rejeita a acusação por ser "infundada".
"As pressões ligadas à crise começam a dar resultado", opinou Gargash. "O mais sábio [para o Catar] é mudar totalmente de orientação" política, acrescentou.
Na semana passada, Estados Unidos e Catar assinaram um acordo sobre "a luta contra o financiamento do terrorismo", durante uma viagem do secretário de Estado americano, Rex Tillerson, pela região.
Tillerson disse estar "satisfeito" com os esforços do Catar para tentar solucionar a crise ao receber na sexta-feira em Washington seu homólogo de Omã, país que se mantém neutro sobre a crise.
"Estamos satisfeitos com os esforços que fizeram. Espero que os quatro países (Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Bahrein) vejam nisso um sinal de boa vontade e suspendam o bloqueio, que realmente tem um impacto sobre o povo do Catar", afirmou o secretário de Estado americano.