O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, iniciou neste domingo (23) uma viagem pelo Golfo para tentar apaziguar as tensões entre o Catar e seus vizinhos, assegurando que "a ninguém interessa" prolongar a crise. A primeira parada será em Jidá, na Arábia Saudita, onde Erdogan será recebido pelo rei Salman pela manhã, antes de partir para o Kuwait à tarde. Na segunda-feira, o presidente turco visitará o Catar.
"A ninguém interessa que essa crise se prolongue", declarou o chefe do Estado turco durante uma coletiva em Istambul, antes de embarcar para a Arábia Saudita. "O mundo muçulmano precisa de cooperação e solidariedade, não de novas divisões", insistiu.
Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito romperam as relações diplomáticas com o Catar em 5 de junho, acusando o país de apoiar o "terrorismo" e de se aproximar do Irã, rival regional do reino saudita.
A viagem de Erdogan acontece dois dias depois de receber uma proposta de diálogo do emir do Catar, o xeque Tamim Ben Hamad Al Thani, que rejeitou, contudo, qualquer tipo de "imposição".
Esta grave crise regional coloca a Turquia em uma situação difícil, já que Ancara mantém estreitos laços com Doha e tem se esforçado nos últimos anos em aprofundar os vínculos com a monarquia saudita.
"Desde o começo da crise no Catar, nos posicionamos pela paz, pela estabilidade, pela solidariedade e pelo diálogo. Fizemos as propostas necessárias a todas as partes e continuamos fazendo", declarou Erdogan.
O presidente turco disse que apoia a mediação do emir do Kuwait, o xeque Sabah Al Ahmad Al Sabah, e pediu aos demais países da região e à comunidade internacional que ofereçam um "forte apoio" aos esforços de seu "irmão".
Desde o início da crise, Ancara tenta desempenhar um papel de mediador entre as diferentes partes, mas sua posição sem ambiguidades em favor do Catar reduziu sua margem de manobra, segundo vários analistas.
A Turquia é estreita colaboradora do Catar, cujas relações se fortaleceram nos últimos anos, tanto no âmbito econômico como no diplomático e de segurança. Ancara conta em especial com uma base militar no emirado rico em petróleo.
A Turquia, entretanto, mantém boas relações com a Arábia Saudita, peso-pesado das monarquias do Golfo. Erdogan reconheceu neste sábado que o rei Salman da Arábia Saudita tem um "importante papel" a desempenhar na região.
O chefe do Estado turco ressaltou, por outro lado, o "bom senso" demostrado, segundo ele, pelo emir do Catar desde o começo da crise.
Segundo a agência estatal turca Anatólia, Erdogan almoçará neste domingo com o rei Salman antes de reunir-se com ele à tarde. Depois ele será recebido no Kuwait pelo emir Al Sabah.
Na segunda-feira, se reunirá no Catar com o emir xeque Tamim Ben Hamad Al Thani. Espera-se um encontro extremamente amigável considerado o apoio demonstrado por Erdogan a Doha.