Milhares de palestinos se aglomeravam nesta sexta-feira (28) nos acessos à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém para rezar, após a polícia israelense proibir o acesso de homens com menos de 50 anos.
Apesar da relativa calma no local sagrado, em Jerusalém Oriental, dois palestinos morreram nesta sexta-feira.
A primeira vítima tentou atacar soldados israelenses na Cisjordânia ocupada, enquanto a segunda, um adolescente, foi morto a tiros em confrontos com as forças de ordem israelenses na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestino controlado pelo movimento Hamas.
Na Esplanada das Mesquitas, a medida de restringir o acesso ao local foi anunciada um dia depois de confrontos neste local ultrassensível entre manifestantes palestinos e a polícia israelense, com cerca de 100 feridos.
O terceiro local mais sagrado do Islã, a Esplanada foi fechada em 14 de julho após a morte de dois policiais israelenses em um ataque. Israel decretou polêmicas medidas de segurança, incluindo a instalação de detectores de metal, o que provocou o boicote dos fiéis muçulmanos.
Após a anulação das medidas, as autoridades políticas e religiosas palestinas pediram, na quinta-feira, que os fiéis voltassem a frequentar a mesquita Al-Aqsa, na Esplanada.
Mas pouco depois da entrada de milhares de muçulmanos para a oração da tarde, as forças de segurança israelenses entraram em confronto com os manifestantes palestinos na Esplanada.
Segundo o Crescente Vermelho palestino, os incidentes deixaram cerca de 100 feridos na Esplanada e em suas imediações.
"Foi realizada uma avaliação de segurança, e há indícios de que hoje haverá distúrbios e manifestações", destacou a polícia israelense em um comunicado divulgado nesta sexta-feira.
"Apenas homens com mais de 50 anos e mulheres, de qualquer idade, serão autorizados", afirma a nota, acrescentando que certas ruas em torno da Cidade Velha terão seu acesso limitado.
"Todas as medidas de segurança necessárias foram adotadas para prevenir e responder a qualquer ato de violência", assinalou a polícia.
Foram registrados episódios de violência no acesso à Cidade Velha de Jerusalém, na Cisjordânia, Belém e Hebron, segundo o Exército israelense.
De acordo com o Crescente Vermelho palestino, 52 palestinos ficaram feridos nos incidentes desta sexta.
Em Teerã, manifestantes organizaram um protesto em favor dos palestinos.
Além dos sete palestinos mortos desde o início da crise, três colonos israelenses morreram esfaqueados por um palestino em 21 de julho, na Cisjordânia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu na quinta-feira sentença de morte para o autor do ataque.
Após pressão da comunidade internacional, que temia uma escalada, Israel retirou os detectores de metal na terça-feira e, na quinta, os últimos elementos do novo dispositivo de segurança.
A retirada dessas medidas foi percebida pela imprensa israelense como um fracasso para Netanyahu, que se viu forçado a voltar atrás por medo de que a espiral de violência se tornasse incontrolável.
"O grande fracasso de Bibi", era a manchete do jornal "The Jerusalem Post", geralmente favorável ao primeiro-ministro, usando seu apelido.
Israel justificou as medidas de segurança, afirmando que os agressores dos dois policiais haviam escondido suas armas na Esplanada.
Já os palestinos encararam a decisão de Israel como uma tentativa de reforçar seu controle sobre o local. Israel controla as entradas do recinto, mas a sua gestão está nas mãos da Jordânia.
As autoridades israelenses asseguram que não têm a intenção de mudar esse status quo. Ainda assim, a Liga Árabe realizou uma reunião de emergência, na quinta-feira, acusando Israel de querer impor sua soberania na Esplanada das Mesquitas e em Jerusalém Oriental.