Palestinos oram fora da Esplanada das Mesquitas após novas restrições israelenses

Milhares de palestinos se aglomeravam nos acessos à Esplanada das Mesquitas após a polícia israelense proibir o acesso de homens com menos de 50 anos
AFP
Publicado em 28/07/2017 às 14:58
Milhares de palestinos se aglomeravam nos acessos à Esplanada das Mesquitas após a polícia israelense proibir o acesso de homens com menos de 50 anos. Foto: Foto: AFP


Milhares de palestinos se aglomeravam nesta sexta-feira (28) nos acessos à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém para rezar, após a polícia israelense proibir o acesso de homens com menos de 50 anos.

Apesar da relativa calma no local sagrado, em Jerusalém Oriental, dois palestinos morreram nesta sexta-feira.

A primeira vítima tentou atacar soldados israelenses na Cisjordânia ocupada, enquanto a segunda, um adolescente, foi morto a tiros em confrontos com as forças de ordem israelenses na Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave palestino controlado pelo movimento Hamas.

Na Esplanada das Mesquitas, a medida de restringir o acesso ao local foi anunciada um dia depois de confrontos neste local ultrassensível entre manifestantes palestinos e a polícia israelense, com cerca de 100 feridos.

O terceiro local mais sagrado do Islã, a Esplanada foi fechada em 14 de julho após a morte de dois policiais israelenses em um ataque. Israel decretou polêmicas medidas de segurança, incluindo a instalação de detectores de metal, o que provocou o boicote dos fiéis muçulmanos.

Após a anulação das medidas, as autoridades políticas e religiosas palestinas pediram, na quinta-feira, que os fiéis voltassem a frequentar a mesquita Al-Aqsa, na Esplanada.

Mas pouco depois da entrada de milhares de muçulmanos para a oração da tarde, as forças de segurança israelenses entraram em confronto com os manifestantes palestinos na Esplanada.

Segundo o Crescente Vermelho palestino, os incidentes deixaram cerca de 100 feridos na Esplanada e em suas imediações.

"Foi realizada uma avaliação de segurança, e há indícios de que hoje haverá distúrbios e manifestações", destacou a polícia israelense em um comunicado divulgado nesta sexta-feira.

"Apenas homens com mais de 50 anos e mulheres, de qualquer idade, serão autorizados", afirma a nota, acrescentando que certas ruas em torno da Cidade Velha terão seu acesso limitado.

"Todas as medidas de segurança necessárias foram adotadas para prevenir e responder a qualquer ato de violência", assinalou a polícia.

Foram registrados episódios de violência no acesso à Cidade Velha de Jerusalém, na Cisjordânia, Belém e Hebron, segundo o Exército israelense.

De acordo com o Crescente Vermelho palestino, 52 palestinos ficaram feridos nos incidentes desta sexta.

Em Teerã, manifestantes organizaram um protesto em favor dos palestinos.

"O fracasso de Bibi"

Além dos sete palestinos mortos desde o início da crise, três colonos israelenses morreram esfaqueados por um palestino em 21 de julho, na Cisjordânia. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu na quinta-feira sentença de morte para o autor do ataque.

Após pressão da comunidade internacional, que temia uma escalada, Israel retirou os detectores de metal na terça-feira e, na quinta, os últimos elementos do novo dispositivo de segurança.

A retirada dessas medidas foi percebida pela imprensa israelense como um fracasso para Netanyahu, que se viu forçado a voltar atrás por medo de que a espiral de violência se tornasse incontrolável.

"O grande fracasso de Bibi", era a manchete do jornal "The Jerusalem Post", geralmente favorável ao primeiro-ministro, usando seu apelido.

Israel justificou as medidas de segurança, afirmando que os agressores dos dois policiais haviam escondido suas armas na Esplanada.

Já os palestinos encararam a decisão de Israel como uma tentativa de reforçar seu controle sobre o local. Israel controla as entradas do recinto, mas a sua gestão está nas mãos da Jordânia.

As autoridades israelenses asseguram que não têm a intenção de mudar esse status quo. Ainda assim, a Liga Árabe realizou uma reunião de emergência, na quinta-feira, acusando Israel de querer impor sua soberania na Esplanada das Mesquitas e em Jerusalém Oriental.

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