Após a retomada do controle de Mossul, no Iraque, pelas Forças Armadas iraquianas, a coordenadora humanitária da ONU no país, Lise Grande, afirmou que o contraste entre as duas partes da cidade, separadas pelo rio Tigre, "não poderia ser mais evidente". A informação é da ONU News.
Enquanto no leste de Mossul a vida vai voltando lentamente ao normal, na parte oeste, onde o grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que ocupava a cidade, resistiu por mais tempo antes de ser expulso, bairros inteiros e a infraestrutura urbana foram destruídos. Por conta disto, milhares de pessoas não têm pra onde voltar.
Lise Grande disse a jornalistas, em Genebra, que Mossul é realmente "um conto de duas cidades". Segundo ela, a parte leste está se recuperando: as pessoas estão em casa, escolas, mercados e negócios estão abertos. Ela disse que as "condições não são ótimas", mas que quase "todos voltaram para casa no leste de Mossul, menos umas 20 mil pessoas".
Já a situação no oeste da cidade é muito diferente. Lise, que também é vice-chefe da Missão das Nações Unidas no Iraque (Unami), afirmou há cerca de 230 mil civis sem previsão de voltar para casa nos 15 bairros que foram completamente destruídos.
Ela afirmou que Mossul que foi cenário da maior batalha urbana desde a Segunda Guerra Mundial e também viu a maior evacuação organizada na história moderna, com quase 1 milhão de civis recebendo assistência para sair da cidade, graças às agências humanitárias que estavam na linha de frente. No total, cerca de 3,3 milhões de pessoas permanecem fora de suas casas no Iraque, incluindo as que foram recentemente deslocadas de Mossul.
Na sequência da campanha iraquiana para expulsar o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) do país, a coordenadora humanitária afirmou que outras três operações militares ainda são esperadas: em Tal Afar, em Hawija e no Vale do Eufrates, na província oeste de Anbar. Ela estima que, ao fim dessas operações, outras centenas de milhares de civis possam ser deslocados.