O líder chavista Diosdado Cabello afirmou na noite desta quarta-feira que são falsas as acusações contra ele formuladas pela ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, que declarou no Brasil que o constituinte recebeu 100 milhões de dólares da Odebrecht.
"São mentirosas, falsas. Já disse um milhão de vezes: investiguem o que têm contra mim, investiguem, mas ela (Ortega) já não pode mais investigar nada porque não é mais procuradora", disse Cabello em seu programa de televisão semanal.
"Se pretendia dizer que (o presidente) Nicolás (Maduro) era dono de não sei o que dos Clap (programa estatal de importação e distribuição de alimentos), por que não investigou isto quando era a procuradora, minha rainha?! Parece que você está louca".
Cabello destacou ainda que a "conta" de Ortega não bate, pois segundo a delação de Marcelo Odebecht, a construtora pagou 98 milhões de dólares em subornos na Venezuela, e apenas ele teria recebido 100 milhões.
Ortega declarou nesta quarta-feira, em Brasília, que "no caso da Odebrecht detectamos que depositaram a Diosdado Cabello 100 milhões de dólares em uma empresa (...) espanhola denominada TSE Arietis, cujos proprietários são seus primos, Luis Alfredo Campos Cabello e Jesús Campos Cabello".
A ex-procuradora disse ter "muitas provas, e concretamente no caso relacionado à empreiteira Odebrecht, que comprometem muitos funcionários venezuelanos de alto escalão, começando pelo presidente da República", assim como dois de seus principais substitutos, "os membros da Assembleia Constituinte, Diosdado Cabello e Jorge Rodríguez".
"O Estado venezuelano desembolsou 300 bilhões de dólares por obras que atualmente estão paralisadas. Temos todos os elementos que comprometem, não apenas o presidente da República, mas também seu entorno: Diosdado Cabello, Jorge Rodríguez, Elías Jaua e outros".
Cabello rebateu afirmando que não há presos na Venezuela pelo escândalo da Odebrecht porque os envolvidos foram extorquidos pelo marido de Ortega, o deputado chavista Germán Ferrer.
Segundo Cabello, Ferrer dirigia uma "rede de extorsão" a partir do Ministério Público quando sua mulher era a procuradora-geral.