Índia condena guru influente a 10 anos de prisão por estupro

Na sexta-feira (25), após a condenação, protestos convocados por seguidores de Gurmeet Ram Rahim Singh deixaram 28 mortos
AFP
Publicado em 28/08/2017 às 8:46
Na sexta-feira (25), após a condenação, protestos convocados por seguidores de Gurmeet Ram Rahim Singh deixaram 28 mortos Foto: Foto: PUNIT PARANJPE / AFP


A justiça indiana condenou nesta segunda-feira (28) o influente e polêmico guru Gurmeet Ram Rahim Singh a 10 anos de prisão por estupro, poucos dias depois dos protestos convocados por seus seguidores que deixaram 28 mortos.

"Ram Rahim foi condenado a 10 anos de prisão", declarou à AFP o advogado de uma das vítimas.

Mortos em manifestações após condenação

Vinte e oito pessoas pessoas morreram nesta sexta-feira (25) no norte da Índia em violentas manifestações, depois que um guru foi condenado pelo estupro de duas fiéis.

Mais cem mil de pessoas se reuniram na localidade de Panchkula quando um tribunal especial declarou culpado o líder espiritual Gurmeet Ram Rahim Singh pelo estupro de duas mulheres.

Segundo um jornalista da AFP presente no local, os policiais lançaram gás lacrimogênio e usaram jatos de água para afastar a multidão que jogava pedras e atacou os carros da televisão, virando um deles.

"O tribunal declarou culpado (Gurmeet) Ram RahimSingh por estupro", confirmou o promotor Harinder Pal Singh Verma, depois de uma audiência a portas fechadas.

O guru, que conta com inúmeros seguidores no estado de Haryana (norte), onde dirige uma corrente espiritual, afirma ter milhões de adeptos no mundo todo.

Na véspera do veredicto, as autoridades indianas reforçaram a segurança na região, mobilizando 15.000 efetivos por causa da afluência dos manifestantes fieis ao religioso.

Além disso, estavam preparados para levar para três estádios os eventuais protagonistas de distúrbios, segundo a imprensa local.

Com seu gosto por roupas chamativas e muitas jóias, o chefe espiritual de 50 anos lidera a seita Dera Sacha Sauda.

Em 2002, o ex-primeiro-ministro indiano Atal Biahri Vajpayee recebeu uma correspondência anônima na qual uma mulher acusava o guru de tê-la estuprado e a outra adepta da seita.

O órgão de investigação central precisou de anos para encontrar as supostas vítimas, que só apresentaram queixa em 2007.

Não é a primeira vez que Gurmeet Ram Rahim Singh protagoniza uma polêmica.

Em 2015, foi acusado de ter incentivado 400 de seus discípulos a se castrar para ficar mais próximo dos deuses. Além disso, foi processado em uma investigação do assassinato de um jornalista em 2002. 

Os seguidores concentrados em  Panchkula manifestaram seu apoio ao guru e alguns elogiavam seu apoio na superação de problemas pessoais, como o alcoolismo.

"Fiz parte do movimento Dera Sacha Sauda durante duas décadas e, em todo esse tempo, não bebi nem uma gota", comentou Gajendere Singh, 60 anos.

As atividades de Gurmeet Ram Rahim Singh enfureceu inúmeros chefes religiosos da Índia, principalmente os sikhs, que consideravam que o guru insultava e denegria a fé.

No estado de Penjab (leste), de maioria sikh, foram organizadas manifestações em 2015 por ocasião da aparição do guru em um filme chamado "MSG: o mensageiro de deus", onde ele era mostrado fazendo milagres e pregando ante milhares de fiéis.

Gurmeet Ram Rahim Singh se dirigiu ao tribunal vindo de sua cidade natal em um imponente comboio de mais de 100 veículos, segundo a imprensa local.

Imagens da televisão mostraram milhares de fiéis nas ruas, a maioria deles chorando descontrolados.

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