Malala critica Suu Kyi por permitir perseguição dos rohingyas

Os líderes dos países muçulmanos da região - especialmente a Indonésia - estão preocupados com o crescente descontentamento de seus povos
AFP
Publicado em 04/09/2017 às 12:50
A ativista defende que o empoderamento das meninas vem da educação Foto: Foto: ALFREDO ESTRELLA / AFP


A jovem prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai criticou nesta segunda-feira (4) sua colega Aung San Suu Kyi pelo drama da minoria muçulmana dos rohingyas em Mianmar, assumindo a liderança dos protestos internacionais.

"Toda vez que vejo as informações, meu coração se parte diante do sofrimento dos muçulmanos rohingyas de Mianmar", escreveu a jovem paquistanesa em sua conta no Twitter, seguida por quase 850 mil pessoas.

"Nos últimos anos, tenho condenado o tratamento vergonhoso, ao qual estão submetidos. Ainda espero que minha colega prêmio Nobel Aung San Suu Kyi faça o mesmo", disse a jovem que se prepara para se tornar aluna em Oxford, mesmo caminho trilhado pela birmanesa algumas décadas antes.

Enquanto os rebeldes da Arakan Rohingya Salvation Army (ARSA) afirmam defender os direitos dos rohingyas, Aung San Suu Kyi permanece em silêncio, apesar das 400 mortes registradas até o momento.

Apenas seu serviço de imprensa destila há dez dias fotos de membros das forças de ordem mortos e comentários azedos contra a imprensa internacional, acusada de não chamar sistematicamente os rohingyas de "terroristas".

Nesta segunda-feira (4), Aung San Suu Kyi se encontrou com o chefe da diplomacia indonésia, Retno Marsudi, enviado para tentar pressionar Mianmar.

Apenas algumas fotos foram publicadas, sem mencionar os dezenas de milhares de refugiados, ou a violência atribuída ao Exército.

"A violência e esta crise humanitária devem parar imediatamente", afirmou no domingo o presidente da Indonésia, Joko Widodo, anunciando esta missão diplomática.

Poucas horas antes desta declaração, um coquetel molotov foi lançado contra a embaixada birmanesa em Jacarta, sem deixar vítimas.

Crise regional

Os líderes dos países muçulmanos da região - especialmente a Indonésia - estão preocupados com o crescente descontentamento de seus povos.

Por meio de seu ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, o Irã insiste: "uma ação internacional é crucial para evitar uma limpeza étnica".

No Paquistão, a Chancelaria pediu que Mianmar investigue as acusações de atrocidades cometidas contra a minoria muçulmana, considerada pela ONU como uma das mais perseguidas no mundo.

"Estamos muito preocupados com o crescente número de mortos e de muçulmanos rohingyas forçados a deixar suas casas", disse Islamabad, enquanto o Talibã afegão denunciou um "genocídio".

"A terrível situação de nossos irmãos e irmãs rohingyas precisa melhorar pelo bem de Mianmar e de toda a região", declarou o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak.

Antes de Malala e dos líderes dos países muçulmanos da região, várias vozes se levantaram nas últimas semanas para tentar tirar Aung San Suu Kyi de seu marasmo, em vão.

Em 24 de agosto, um dia antes do início das hostilidades, uma comissão internacional liderada pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, pediu a Mianmar que dê mais direitos à sua minoria rohingya.

No final de novembro, será a vez do papa Francisco, ardente defensor da causa rohingya, de visitar Mianmar e conhecer Aung San Suu Kyi.

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