O relatório da ONU que aponta o governo sírio como responsável pelo ataque com gás sarin perpetrado em abril na cidade de Khan Sheikhun contém várias "incoerências" e "testemunhos duvidosos", denunciou nesta sexta-feira a diplomacia russa.
A leitura desse relatório mostra "muitas contradições, incoerências lógicas, um uso de testemunhos duvidosos e de provas não confirmadas", denunciou o ministro adjunto das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, à agência Interfax.
"Ao contrário de nossos interlocutores, que dormem e sonham com esse relatório somente para utilizá-lo como um arma para seus próprios objetivos geopolíticos na Síria, estudamos tranquilamente e profissionalmente o conteúdo deste documento", prosseguiu.
Riabkov informou que a Rússia, aliada do regime de Bashar al Assad, fará uma "análise" mais completa do caso.
Um relatório da ONU, divulgado nesta quinta-feira (26), determinou que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, foi o responsável por um ataque com gás sarin na Síria que deixou mais de 80 mortos em abril.
Segundo a ONU, mais de 80 pessoas morreram no ataque químico a este povoado, situado na província de Idleb, no nordeste da Síria, e pelo menos 87, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
As imagens dos habitantes, entre eles várias crianças, que agonizavam após o ataque, deram a volta ao mundo e levaram o governo de Donald Trump a atacar a base aérea de onde, segundo as potências ocidentais, havia se lançado a ofensiva sobre Khan Sheikhun.
Na noite de 6 de abril, o exército americano disparou 59 mísseis de cruzeiro Tomahawk de dois buques americanos na base de Al Shairat.
Estados Unidos, França e Reino Unido acusaram as forças do presidente sírio Assad de ser responsável pelo ataque com gás sarin, mas Damasco sempre negou qualquer envolvimento.
A Rússia garante que o gás sarin encontrado na localidade era da explosão de um obus no solo, e não de um bombardeio sírio.
No começo de setembro, a Comissão de Investigação da ONU sobre a situação dos direitos humanos na Síria acusou as forças sírias de ser responsáveis pelo ataque.