Os chilenos foram às urnas neste domingo (19) para escolher entre as propostas do "Tempos Melhores", do candidato de direita e ex-presidente Sebastián Piñera, e da "Força da Maioria", que reivindica a obra da presidente socialista Michelle Bachelet e tem como candidato Alejandro Guillier. Cerca de 14,3 milhões de cidadãos foram convocados às urnas para votar. Os locais de votação fecharam às 18h pelo horário local. O ex-presidente Sebastián Piñera lidera a votação, com 36,65% dos votos apurados.
Os candidatos de esquerda Alejandro Guillier e Beatriz Sánchez disputam voto a voto o segundo lugar, segundo dados oficiais.
Com 22,78% dos votos apurados, Piñera está alcançando uma votação menor do que a prevista pelas pesquisas. Ao contrário, o candidato da situação Guillier, com 22,59%, e a representante da esquerda radical, Beatriz Sánchez, com 20,40%, obtêm uma votação maior do que esperada, segundo a contagem parcial do Serviço Eleitoral (Servel).
Em quarto lugar aparece o candidato de ultra-direita José Antonio Kast, com 7,93%.
A fragmentação de partidos torna quase impossível que haja um vencedor no primeiro turno porque é preciso obter 50%+1 dos votos, apesar da vantagem de Piñera nas pesquisas.
A isso se soma o fantasma da baixa participação em um país que é campeão em abstenção na América Latina, já que o voto não é obrigatório.
Por esse motivo, houve um apelo para que os chilenos fossem às urnas, começando pelo o da presidente.
"É importante que o compareça (à votação), que exerça seu direito cidadão e que vote por quem sinta que o representa no que deseja para o Chile", disse Bachelet, que evitou fazer pronósticos sobre a participação, mas que admitiu que espera um segundo turno, previsto para 17 de dezembro.
Apesar de a maioria dos eleitores nas filas para votar serem mais velhos, Daniel Concha, de 31 anos, disse à AFP que sempre vota. "Acho que é importante votar e assim se pode influenciar no projeto político que se quer para o país".
Paula Salas, 35 anos, votou em Beatriz Sánchez, a candidata da Frente Ampla (esquirda radical) para que haja "uma distribuição mais justa dos recursos do país".
Plebiscito sobre Bachelet -
Assim como no Peru, na Argentina e no Brasil, o Chile parece passar por uma guinada à direita.
Muitos consideram que esses comícios são de certo modo um plebiscito sobre a gestão da própria Bachelet, que já entregou em 2010 o poder a Piñera, rompendo a hegemonia de centro-esquerda desde a recuperação da democracia em 1990 depois de 17 anos da ditadura militar de Augusto Pinochet.
No entanto, nem todos acham que, em caso de vitória, Piñera vá cumprir sua promessa de revisar a bateria de reformas promovidas por Bachelet, em particular a tributária, a trabalhista e a lei do aborto terapêutico, que, junto com a gratuidade da educação superior, são algumas das mais emblemáticas do último mandato da socialista.
Além disso, os chilenos também estão convocados a renovar grande parte do Congresso com a introdução de uma nova lei eleitoral que põe fim ao sistema binominal herdado do regime Pinochet, substituído por um proporcional que visa a melhorar a representatividade.
Os cálculos eleitorais indicam que a direita aumentará sua sua representação no Congresso em detrimento da centro-esquerda, mas um eventual governo de Piñera não terá maioria em nenhuma das duas câmaras.