Os Estados Unidos lutavam nesta quinta-feira (30) para manter o apoio internacional ante a ameaça nuclear da Coreia do Norte, enquanto a Rússia advertia que as sanções contra Pyongyang fracassaram e a China fugia de um diálogo sobre o embargo petroleiro.
As tensões estão em alta depois que Washington advertiu que o regime de Kim Jong-Un será "totalmente destruído" se sua ambição de desenvolver um arsenal de mísseis nucleares de longo alcance provocar uma resposta militar.
Mas os esforços americanos para isolar Kim, atingir sua economia e forçá-lo a negociar fracassaram, como ficou evidente no lançamento esta semana de um míssil balístico intercontinental (ICBM), capaz de alcançar qualquer ponto dos Estados Unidos.
Também pôs fim a dois meses sem testes de mísseis norte-coreanos, que despertaram esperanças de um início de conversas diplomáticas.
Washington respondeu pedindo sanções mais duras contra Pyongyang durante uma reunião do Conselho de Segurança na quarta-feira, enquanto o presidente Donald Trump começou a se queixar da China nesta quinta-feira.
"O enviado chinês, que acaba de voltar da Coreia do Norte, parece não ter tido nenhum impacto no 'pequeno homem-míssil'", tuitou o presidente, fazendo alusão a Kim, a quem também chamou de "cachorro doente" e ameaçou com novas sanções.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, esclareceu que os Estados Unidos não buscam uma mudança de governo na Coreia do Norte e estão focados na "desnuclearização" da península coreana.
O chefe do Pentágono, Jim Mattis, afirmou que Washington realizará esforços diplomáticos "implacáveis", incluindo no Conselho de Segurança da ONU, para resolver a crise com a Coreia do Norte.
"Nossos diplomatas falarão de uma posição de força porque contamos com opções militares", disse.
O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, reiterou um chamado pelo embargo petroleiro ao receber em Washington seu contraparte da Alemanha, Sigmar Gabriel, que anunciou a retirada da equipe diplomática alemã de Pyongyang para aumentar a "pressão" sobre o país.
"Acredito que os chineses estejam fazendo muito, mas também achamos que podem fazer mais com o petróleo. Realmente pedimos que cortem o fornecimento de petróleo", disse Tillerson. "Foi a arma mais eficaz da última vez que os norte-coreanos se sentaram à mesa de negociações", acrescentou.
A embaixadora de Washington na ONU, Nikki Haley, disse na quarta-feira que Trump pediu ao presidente chinês, Xi Jinping, para cortar todo o fornecimento de petróleo à Coreia do Norte.
Os Estados Unidos já haviam pressionado por um embargo de petróleo aos norte-coreanos depois que Pyongyang testou, em setembro, sua mais poderosa bomba nuclear até então. Retirou esse pedido durante as negociações com a China para uma resolução.
Mas o Ministério das Relações Exteriores da China se esquivou das perguntas sobre o chamado americano a um embargo petroleiro, e seu porta-voz, Geng Shuang, se limitou a dizer aos repórteres que Pequim acata as resoluções da ONU e apoia a desnuclearização da península coreana.
Pequim apoiou uma série de sanções que incluem a proibição das importações de carvão, mineral de ferro e de pescado para a Coreia do Norte, e limitam seu fornecimento de derivados do petróleo.
Negou-se, porém, a fechar o oleoduto que envia petróleo para a Coreia do Norte.
Pequim teme que a adoção de medidas mais duras faça o regime norte-coreano entrar em colapso, deflagrar uma crise de refugiados em suas fronteiras e elimine uma barreira estratégica que separa a China do Exército americano na Coreia do Sul.
Ante uma sessão de emergência do Conselho de Segurança, Haley lançou contra a Coreia do Norte, denunciando que Kim "fez uma escolha (...) que coloca o mundo mais perto de uma guerra", disse. "Em caso de guerra, não se enganem: o regime da Coreia do Norte será totalmente destruído", acrescentou
Mas seu chamado às nações para "cortar todos os laços com a Coreia do Norte" foi rejeitado nesta quinta-feira pelo ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
"Em várias ocasiões destacamos que a pressão das sanções se esgotou e que as resoluções que impuseram as sanções implicavam necessariamente retomar um processo político e as negociações", declarou Lavrov.
"As recentes ações dos Estados Unidos parecem ter sido dirigidas deliberadamente para provocar ações bruscas de Pyongyang", expressou Lavrov, citado pelas agências de notícias russas.
Kim disse que o teste do sistema de mísseis Hwasong-15 ajudou seu país a alcançar a meta de se tornar uma potência nuclear, o que lhe valeu uma condenação a nível global.
A Coreia do Norte insiste que suas armas convencionais e nucleares buscam dissuadir todo ataque contra seu país.