Presidente peruano enfrenta o impeachment por caso Odebrechet

Votação a favor do impeachment parece certa, levando em consideração que o processo foi solicitado por 93 legisladores e são necessários 87 votos do Parlamento
AFP
Publicado em 21/12/2017 às 11:31
Votação a favor do impeachment parece certa, levando em consideração que o processo foi solicitado por 93 legisladores e são necessários 87 votos do Parlamento Foto: Foto: AFP


O Congresso peruano delibera nesta quinta-feira (21) sobre a destituição ou não do presidente Pedro Pablo Kuczynski por "incapacidade moral", dias depois que a empreiteira brasileira Odebrecht revelou o pagamento de propinas milionárias a empresas ligadas a ele.

Kuczynski alega inocência e chamou de "golpe de Estado" o pedido de impeachment contra ele. 

"Defenderei minha capacidade moral", afirmou em breve mensagem transmitida em rede nacional na noite de quarta-feira.

"A Constituição e a democracia estão sob ataque. Estamos diante de um golpe sob o disfarce de interpretações legais supostamente legítimas", advertiu Kuczynski, que pediu "desculpas" ao povo peruano por ter sido "desleixado" ao administrar seus negócios.

O presidente apresentará suas alegações das 09h00 local (12h00 de Brasília) desta quinta-feira a um Congresso dominado pela oposição e decidido a destituí-lo.

Kuczynski entrou na quarta em um tribunal constitucional de Lima com um recurso no qual destaca que "em nenhum momento foi convocado para prestar depoimento na comissão da Lava Jato do Congresso sobre a informação que o vinculava à Odebrecht".

A menos que ocorra um milagre, Kuczynski se converterá no primeiro presidente a perder seu cargo por vínculos com a Odebrecht, que também está envolvida em pagamentos de subornos em vários países da América Latina para conseguir contratos milionários de obras públicas.

Cinco milhões de dólares 

Kuczynski apresentará suas alegações a um Congresso dominado pela oposição, decidido a destituí-lo, oito dias depois de o escândalo Odebrecht fazer outra vítima proeminente, o vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado a seis anos de prisão por receber propinas.

Empresário de 79 anos com experiência e amigos em Wall Street, Kuczynski alega que nunca recebeu pagamentos ilegais da empresa brasileira, mas três em cinco peruanos consideram que ele deve deixar o poder, segundo pesquisas de opinião.

Depois de ouvir as alegações do chefe de Estado, o Congresso unicameral manterá um debate e iniciará a votação pelo impeachment por ter ocultado que empresas vinculadas a ele prestaram assessoria para a Odebrecht, pelas quais pagou quase cinco milhões de dólares.

Para aprovar a vacância por "incapacidade moral permanente" de Kuczynski, com base em que negou insistentemente os vínculos com a empreiteira para depois ser desmentido pela própria empresa, são necessários 87 dos 130 votos do Parlamento.

Os votos parecem certos, visto que o processo de impeachment foi solicitado por 93 legisladores.

Na noite de quarta-feira, milhares de pessoas participaram de um protesto em Lima contra a corrupção e pela saída "de todos os corruptos".

No final da passeata, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra um grupo que tentou chegar à Praça San Martín por um caminho não autorizado.

A Odebrecht admitiu ter pago 29 milhões de dólares em propinas para obter obras no Peru entre 2004 e 2015, período que abarcou os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), do qual Kuczynski foi ministro; Alan García (2006-2011); e Ollanta Humala (2011-2016).

Humala permanece em prisão preventiva, acusado de receber três milhões de dólares para sua campanha eleitoral de 2011, enquanto que contra Toledo pesa uma ordem de extradição dos Estados Unidos, por supostamente receber 20 milhões de dólares em propinas para conceder à Odebrecht a construção de uma rodovia.

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