As retiradas de pacientes da Guta Oriental, uma zona rebelde próxima de Damasco, cercada há alguns anos pelo regime sírio e afetada por uma grave crise humanitária, autorizadas pelo regime de Bashar al-Assad, começaram após meses de espera, período em que pelo menos 16 enfermos faleceram, segundo a ONU.
Na terça-feira (26) à noite quatro pacientes, três crianças e um adulto, deixaram Duma, a maior cidade de Guta, e seguiram para Damasco. No total, 29 pessoas precisam ser retiradas da região nas próximas horas e dias.
A ONU fez vários apelos nos últimos meses para retirar 500 pacientes da região. Sem a medida, 16 pessoas morreram por falta de atendimento.
"A @SYRedCrescent (Crescente Vermelho) com a equipe do @ICRC iniciou a retirada dos casos médicos críticos de #GutaOriental para #Damasco", escreveu o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Twitter.
Os quatro paciente são uma menina hemofílica, um menino com síndrome Guillain-Barré (doença do sistema nervoso), um menino com leucemia e um homem que precisa de um transplante de rim, informou à AFP um diretor do Crescente Vermelho sírio, Ahmed Al-Saur.
Durante a noite, as ambulâncias do Crescente Vermelho transportaram a pequena e sorridente Ingy, hemofílica, e o menino Mohamed, de um ano e dois meses, vítima da síndrome de Guillain-Barré, que estava com a mãe.
As transferências só aconteceram após um acordo com o regime de Damasco, que agora espera a libertação de "prisioneiros" sob poder dos rebeldes, anunciou o grupo Jaish al-Islam.
"Aceitamos a saída de vários prisioneiros em troca da retirada dos casos humanitários mais urgentes", afirmou o movimento rebelde em um comunicado.
Cinco operários, detidos em março durante violentos combates entre as forças do regime e grupos rebeldes e jihadistas, deixaram Guta durante a noite.
Guta Oriental é um dos últimos redutos rebeldes na Síria e está cercada pelas tropas do governo desde 2013, o que provocou a falta de alimentos e de atendimento médico para os quase 400.000 moradores da região, que fica na periferia de Damasco.
A ONU pedia há várias semanas autorização para retirar 500 pessoas de Guta.
Ao menos 16 pessoas morreram por falta de atendimento médico, informou em 21 de dezembro o diretor da força de trabalho humanitária da ONU para a Síria, Jan Egeland,
Na ocasião, Egeland citou a morte de um bebê de nove meses por desnutrição e complicações respiratórias.
Tanto para transferências médicas como para a chegada de ajuda humanitária, nada pode ser feito sem a autorização do regime. Nas últimas semanas vários comboios de ajuda enviados por ONGs ou pela ONU entraram em Guta.
A região é uma das quatro "zonas de distensão" definidas em maio por Rússia e Irã, aliados do regime, e Turquia, que apoia os rebeldes, com o objetivo de tentar estabelecer uma trégua que prepare o caminho para o fim de um conflito que deixou pelo menos 340.000 mortos desde 2011.
Apesar do acordo, o regime intensificou desde novembro os ataques contra a região