Os chanceleres de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai abriram formalmente as negociações para um tratado de livre-comércio entre Mercosul e Canadá, na presença do ministro canadense de Comércio, François Philippe Champagne, nesta sexta-feira (9) em Assunção.
"O que fazemos neste ato é lançar oficialmente as negociações e dar instruções para que em duas semanas tenha início, na cidade canadense de Ottawa, o processo de negociação", anunciou o ministro paraguaio de Relações Exteriores, Eladio Loizaga.
Ainda participaram do ato os chanceleres do Brasil, Aloysio Nunes, da Argentina, Jorge Faurie, e do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa.
O brasileiro foi acompanhado do ministro de Comércio Exterior, Marcos Jorge.
Em uma declaração conjunta, os ministros afirmaram que decidiram começar as negociações para um "acordo de comércio integral Canadá-Mercosul", que consideraram significativo para aprofundar as relações entre as duas partes.
A nota aponta que o acordo será bom para os dois lados e "um compromisso compartilhado com a liberalização do comércio e os mercados abertos".
O argentino Faurie disse que as duas partes esperam assinar o tratado até o fim do ano.
"Acho que isso vai ser mais rápido que as negociações com a União Europeia (que se desenrolam há quase 20 anos). Temos um exercício bastante fluido que adquirimos nestas negociações com a Europa. Já sabemos o que vamos discutir e trocar", explicou.
As negociações com o Canadá abarcam questões como acesso a mercados de bens e serviços, temas de trabalho, meio-ambiente, comércio, gênero, micro, pequenas e médias empresas, entre outros.
Os ministros instruíram especialistas de seus respectivos países a realizar a primeira rodada na capital canadense, de 20 a 23 de março.
Os ministros do Mercosul se reuniram paralelamente para analisar o estado das negociações com a União Europeia. Eles assistiram a uma videoconferência com os representantes da UE, disse o Loizaga à imprensa.
A partir dos diálogos, marcou-se um novo encontro de especialistas a partir da próxima terça-feira, em Assunção. "Há uma vontade política de avançar o mais rápido possível com a União Europeia", afirmou o ministro paraguaio.
Ele disse que o bloco europeu precisa responder sobre o tema agrícola, e o Mercosul sobre a questão automobilística, as indicações geográficas e o transporte marítimo.
Acerca da duração das negociações, Faurie afirmou que "os detalhes finais são os mais incômodos, os mais difíceis". Mas ele disse que "ambos os blocos têm a vontade de levar adiante este acordo".
"Se não fecharmos (o acordo) este ano, não fechamos nunca mais", ironizou, em alusão aos quase 20 anos de discussões.
As tratativas entre Canadá e Mercosul - que tem 260 milhões de habitantes - acontecem na semana da assinatura, no Chile, do acordo comercial conhecido como CPTPP, que agrupa 11 países da região Ásia-Pacífico.