O presidente americano, Donald Trump, advertiu nesta terça-feira (13) que haverá um "caos" se não for construído o polêmico muro na fronteira com o México, enquanto inspecionava na Califórnia vários protótipos deste projeto.
"Para as pessoas que dizem 'não ao muro', se não tivéssemos muros aqui, sequer teríamos um país", declarou Trump em San Diego, perto da fronteira.
Trump avaliou que as forças de segurança devem ter a capacidade de ver através da estrutura para poder controlar os cartéis de criminosos que se aproximam "a meio metro de distância" pelo lado mexicano.
"Sem o muro teríamos o caos", afirmou o presidente.
A insistência de Trump de que o México pague pelo muro tem complicado suas relações com o presidente Enrique Peña Nieto, que recentemente cancelou uma visita a Washington.
Mas nesta terça-feira, Trump garantiu que mantém "uma grande relação com o presidente do México, um grande cara", e declarou que ambos estão "tentando acertar as coisas".
Do outro lado da fronteira, um pequeno grupo de manifestantes contrários ao presidente expressaram sua frustração e anunciaram planos para boicotar as empresas americanas.
A primeira visita como presidente dos Estados Unidos ao reduto democrata na costa oeste se dá em meio à elevada tensão entre seu governo republicano e o estado mais populoso do país, especialmente nos assuntos migratórios, de meio ambiente e de controle de armas.
Trump inspecionou oito modelos em escala real - de nove metros de altura - feitos de concreto e aço, erguidos um ao lado do outro em Otay Mesa, ao sul de San Diego e junto da fronteira com Tijuana, no México.
Cada protótipo custa mais de 300 mil dólares e segundo algumas estimativas, o muro completo poderia custar US$ 20 bilhões.
Mas nada indica que esta barreira que espera erguer ao longo dos 3.000 quilômetros de fronteira com o México - uma de suas principais promessas de campanha - esteja perto de ser construída.
Mais de um ano após sua chegada ao poder, o Congresso ainda não liberou nenhum dólar para a construção do muro. Vários democratas rejeitam a inciativa, considerada o triste símbolo de um país que vira as costas à sua história, fechando as portas aos imigrantes.
No Congresso, as discussões sobre imigração estão suspensas.
A visita de Trump à Califórnia, onde conseguiu apenas pouco mais de 30% dos votos na eleição presidencial, foi marcada por protestos.
Antes da chegada de Trump, dezenas de pessoas se reuniam para uma manifestação pró-Trump do lado americano da fronteira, perto dos protótipos, enquanto um número similar de críticos chegou ao posto fronteiriço de San Ysidro.
"Esta é uma catástrofe ambiental, além de uma má atribuição de recursos do governo que poderiam ser utilizados para atendimento médico ou serviços sociais", disse a respeito do muro Cody Petterson, presidente dos Democratas do Condado de San Diego pela Ação Ambiental.
Os manifestantes se cobriram com bandeiras dos Estados Unidos e exibiram cartazes com palavras de ordem como "Humpty Trumpty cairá de seu muro", "Resistir ao idiota instável" e "Sem ódio no Estado dourado".
Entre os seguidores do presidente, Kira Innis, de 31 anos, disse que apoiava Trump "porque não lhe importa nada a cor de alguém, lhe preocupa colocar mais dinheiro no bolso".
Do lado mexicano, a Polícia Federal teve que persuadir cerca de 50 manifestantes para que não queimassem um boneco de cabelos amarelos, à imagem de Trump.
Apontando para um dos protótipos, Eladio Sánchez, de 30 anos, admitiu que poderia ser um obstáculo, mas garantiu que "pode ser superado de qualquer forma".
O governador democrata da Califórnia, Jerry Brown, enviou na segunda-feira uma carta ao presidente sem ambiguidades.
Lembrou-lhe que a Califórnia representa a sexta economia do mundo e destacou que a prosperidade de seu estado não tinha sido construída com base o "isolamento, ao contrário": graças à recepção de "imigrantes e inovadores vindos dos quatro cantos do planeta".
"Na Califórnia, estamos mais aferrados às pontes do que aos muros", comentou.
Na semana passada, o conflito entre a Califórnia e Trump se aprofundou quando o Departamento de Justiça processou o estado por obstruir a aplicação da lei federal, ao oferecer aos imigrantes em situação ilegal um santuário para evitar prisões e deportações.
"A política da Califórnia sobre os santuários é ilegal, anticonstitucional e põe em risco todo o país", tuitou Trump a bordo do avião presidencial Air Force One.
"ISTO DEVE ACABAR", acrescentou.