A luta contra a corrupção é o assunto dominante na Cúpula das Américas, que se inicia nesta sexta-feira (13) em Lima, mas a dificuldade de encontrar uma posição comum sobre a crise na Venezuela já monopoliza grande parte dos debates.
A reunião de presidentes se dá com ausência notável dos presidentes Donald Trump, Nicolás Maduro, Lenín Moreno. No pano de fundo, a crise venezuelana e o assassinado de uma equipe de imprensa equatoriana na fronteira com a Colômbia.
Os mandatários Evo Morales (Bolívia), Juan Manuel Santos (Colômbia), Enrique Peña Nieto (México) e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, participaram da III Cúpula de Empresarial, antecedendo a Cúpula das Américas, que se inicia nesta noite com um jantar oficial na Presidência peruana, ao qual o presidente brasileiro Michel Temer comparecerá.
Contudo, a Venezuela concentrou a atenção nas horas anteriores à cúpula. Maduro não foi convidado e desistiu de vir, como tinha prometido, mas se fez presente nas ruas de Lima, com diversas manifestações pró e contra.
De Caracas, a oposição pediu para os participantes da reunião rechaçarem as eleições de 20 de maio, boicotadas pela maior parte da oposição.
Em Lima, as delegações responsáveis pela elaboração da declaração final da Cúpula continuam tentando dar fim às divergências e chegar a uma fórmula aceitável para todos sobre a Venezuela. Segundo fontes próximas à negociação, poderia haver um consenso para incluir a formulação "os resultados das eleições carecem de legitimidade e de credibilidade", em vez de não reconhecer o resultado do pleito, como propõem os 14 países do Grupo de Lima.
O chanceler chileno, Roberto Ampuero, que se reuniu na embaixada do Chile em Lima com os deputados venezuelanos Luis Florido e Sergio Vergara, afirmou em declaração que "é importante para o Chile que haja eleições livres, com garantias para todos".
"Se isso não acontecer, as eleições são ilegítimas, não são válidas e não serão reconhecidas nem pelo Chile, nem pela comunidade internacional", garantiu.
O Chile, terceiro maior destino de venezuelanos depois de Colômbia e Espanha, acaba de criar um "visto de responsabilidade democráticas" para os venezuelanos que "fogem do país buscando democracia e prosperidade".
Em Quito, o presidente Lenín Moreno confirmou o assassinato em cativeiro dos jornalistas e do motorista do jornal El Comercio, que tinham sido sequestrados em 26 de março na fronteira com a Colômbia, por um grupo dissidente da ex-guerrilha Farc.
Santos condenou o crime e, de Lima, manifestou seu respaldo ao Equador "para que os responsáveis por este crime sejam levados à Justiça".
Em uma cúpula dedicada à corrupção que abala a democracia e o desenvolvimento da região, a estrela do dia foi Ivanka Trump, filha mais velha de Donald Trump, ausente de Lima pela crise da Síria.
A jovem empresária e ex-modelo anunciou na Cúpula Empresarial um plano de 150 milhões de dólares para inserir mulheres na economia latino-americana.
"Para cada dólar que investirmos, o setor privado mobilizará mais três", disse ela, que espera alcançar os 500 milhões de dólares para fomentar o "acesso ao capital, ao trabalho e às oportunidades" das mulheres.
Quando uma mulher é bem sucedida, "a família, a comunidade e o país também são", justificou.
Ivanka e seu marido Jared Kushner fazem parte da delegação dos Estados Unidos na cúpula em Lima, liderada pelo vice-presidente Mike Pence.
A iniciativa dela se soma ao compromisso de oito multinacionais, com iniciativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do #100KChallenge para capacitar, conectar e certificar mais de 100 mil mulheres de empresas das Américas para 2021.
Na época do #Metoo, empresários, políticos, jornalistas e analistas analisaram, ao longo de dois dias, formas de incentivar a vocação empresarial das mulheres da região - que conta com apenas 12% de mulheres em cargos de chefia.
O Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina cresceria 2,5 bilhões de dólares se a diferença entre gêneros na participação da força de trabalho fosse completamente eliminada, garantem os organizadores da Cúpula Empresarial.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, advogou, nesta sexta, em Lima, pela construção de "pontes" entre os países do continente para estimular o crescimento econômico.
"A ideia de construir pontes é importante, porque essa é a forma como avançamos como líderes na política, nos negócios e na sociedade", disse Trudeau ao falar na Cúpula Empresarial.
"A Organização dos Estados Americanos (OEA), a Cúpula das Américas são exemplos disso. De construir pontes, compartilhar ideias, trabalhar em conjunto para criar crescimento nas Américas", comentou.