Um grupo de cientistas criou "estruturas embrionárias" próximas a um embrião em seu estágio inicial, a partir de células-tronco de rato, sem recorrer à fecundação, publicou nesta quarta-feira (2) a revista científica Nature.
Os pesquisadores, que desenvolveram "pela primeira vez" em laboratório in vitro estas estruturas parecidas com embriões naturais em sua origem, esperam que este trabalho ajude a entender como se forma a placenta e como o embrião se implanta na mucosa do útero.
Quando são transferidas in utero, as esferas celulares, obtidas a partir de dois tipos de célula-tronco de roedor, ativam mecanismos de adaptação parecidos aos observados durante a implantação na parede uterina.
Embora estas estruturas embrionárias precoces não tenham evoluído até o estado de embriões maduros, serviram aos pesquisadores como modelo de estudo do desenvolvimento do embrião em seu estágio inicial, uma etapa ainda pouco conhecida.
Poucos dias depois da fecundação, o óvulo de mamífero se desenvolve normalmente em blastocisto, que corresponde ao embrião nas primeiras etapas de seu desenvolvimento. Trata-se então de uma estrutura esférica composta de uma camada de células externas (a futura placenta) que envolve uma cavidade cheia de líquido que contém uma massa de de células embrionárias.
"É a primeira vez que os cientistas puderam esclarecer os mecanismos moleculares da implantação (no útero), e estes resultados poderiam ajudar a entender melhor certos aspectos da infertilidade e a melhorar os resultados da reprodução assistida", estima o médico Dusko Ilic do King’s College London.
O fracasso do desenvolvimento do embrião seria devido à ausência de um terceiro tipo de células, "que tem um papel essencial na estruturação do embrião (...) e que é mal produzido pelas células-tronco embrionárias", detalha outro especialista, o professor Robin Lovell-Badge, segundo o Science Media Centre (SMC).
Obter resultados comparáveis com células humanas "continua sendo um grande desafio" para os pesquisadores que gostariam de criar embriões humanos desta forma, segundo o médico Harry Leith do MRC London Institute of Medical Sciences.