Os Estados Unidos vetaram nesta sexta-feira (1°) o projeto de resolução apresentado na ONU por países árabes que pedia a adoção de medidas para proteger os palestinos que reivindicam seu direito de retornar a Israel, que obteve o apoio de 10 países-membros do Conselho de Segurança.
China, França e Rússia estiveram entre os países que apoiaram a iniciativa apresentada pelo Kuwait em nome de um grupo de países árabes. Quatro membros se abstiveram.
Um projeto de resolução requer nove votos a favor para ser aprovado no Conselho formado por 15 países e não pode ser vetado por nenhum dos cinco membros permanentes: China, França, Grã Bretanha, Rússia e Estados Unidos.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, anunciou na véspera que os Estados Unidos vetariam o projeto por seu "enfoque grosseiramente unilateral que está moralmente fracassado e que apenas serviria para minar os esforzos em curso para a paz entre israelenses e palestinos".
O Kuwait apresentou o projeto há duas semanas, inicialmente pedindo uma missão de proteção internacional para os palestinos à medida que os protestos se tornavam mais violentos na fronteira entre Israel e Gaza.
Ao menos 122 palestinos foram abatidos pelos disparos de militares israelenses nos distúrbios iniciados desde o final de março. Nenhum israelense foi morto.
A versão final pede "a consideração de medidas para garantir a segurança e a proteção" dos civis palestinos e solicita um relatório do secretário-geral António Guterres sobre um possível "mecanismo de proteção internacional".
"A resolução pede a Israel que cesse imediatamente suas ações em defesa própria, mas não menciona as agressões do Hamas contra as forças de segurança e civis israelenses", advirtiu Haley em comunicado.
Essa foi a segunda vez que Haley recorre ao poder de veto dos Estados Unidos para uma medida sobre o conflito palestino-israelense.
Em dezembro, Haley vetou o projeto de resolução que rejeitava a decisão do presidente Donald Trump de transferir a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, depois que os outros 14 membros do Conselho a apoiaram.
Os Estados Unidos fizeram circular seu próprio projeto de resolução, exigindo que Hamas e Jihad Islâmica "cessem toda atividad violenta e ações provocadoras, inclusive ao longo da cerca fronteiriça" entre Israel e Gaza.
No entanto, o Conselho de Segurança da ONU rejeitou adotá-lo nesta sexta-feira.
Os Estados Unidos foram o único país que votou a favor do projeto. Onze países se abstiveram, enquanto que a Bolívia, o Kuwait e a Rússia se opuseram.
O enviado da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, advertiu esta semana o Conselho de Segurança de que Gaza estava à beira da guerra após a grave escalada entre Israel e os militantes palestinos no enclave governado pelo Hamas.
Uma troca de tiros de terça-feira até a madrugada da quarta-feira começou com disparos de foguetes e morteiros lançados contra Israel de Gaza, aos quais Israel respondeu com ataques a 65 pontos da Faixa de Gaza.
Esse é o pior confronto desde a guerra de 2014 em Gaza.