Trump se despede da cúpula do G7 em tom mais conciliador

Trump deixou a cúpula do G7 buscando tranquilizar seus aliados e destacando, em particular, as discussões ''extremamente produtivas'' sobre o comércio
AFP
Publicado em 09/06/2018 às 15:35
Trump deixou a cúpula do G7 buscando tranquilizar seus aliados e destacando, em particular, as discussões ''extremamente produtivas'' sobre o comércio Foto: Foto: SAUL LOEB / AFP


Donald Trump deixou, neste sábado (9), a cúpula do G7 buscando tranquilizar seus aliados e destacando, em particular, as discussões "extremamente produtivas" sobre o comércio, um dos pontos mais conflitantes.

Antes de deixar a localidade de La Malbaie (Quebec, Canadá) para voar para Singapura, onde na terça-feira, dia 12, vai ser reunir com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, o presidente dos Estados Unidos dedicou-se a acalmar seus seis parceiros e reduzir as tensões criadas sobretudo por sua política protecionista.

"Tivemos discussões extremamente produtivas sobre a necessidade de um comércio justo", disse ele, que convidou os outros membros do grupo a pensar na possibilidade de criar uma zona de livre comércio entre os sete.

Os Estados Unidos, no entanto, acabam de impor novas tarifas de importação sobre o aço e o alumínio, muito criticadas pelos outros membros do G7.

"Eliminar tarifas alfandegárias, eliminar barreiras não-tarifárias, suprimir subsídios", foi a proposta que Trump lançou durante sua coletiva de imprensa final. "Eu não sei se vai funcionar, mas propus", disse ele.

Sobre o Irã, outro assunto divergente após a saída de Washington do acordo internacional sobre o programa nuclear da República Islâmica, o republicano declarou que "as nações do G7 estão empenhadas em conter as ambições nucleares" de Teerã.

Ainda resta saber se esse gesto conciliatório da parte de um presidente que dedicou apenas 24 horas aos seus aliados (Canadá, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Japão) resultará em uma declaração comum.

A França informou que as discussões estão "indo na direção certa". Há uma "forte probabilidade" de um comunicado comum entre os sete, que, no entanto, incluiria todas as divergências americanas sobre a questão da mudança climática, de acordo com Paris.

Em relação ao comércio, as negociações levariam a um apelo à modernização da Organização Mundial do Comércio (OMC), órgão frequentemente criticado por Trump.

A chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu que os líderes do G7 estavam de acordo com um posicionamento comum em relação a esta questão. "Parto do princípio que haverá um texto comum sobre o comércio. Mas isso não resolverá os problemas em seus pormenores. Temos concepções diferentes dos Estados Unidos", explicou. 

'Reincorporar a Rússia'

O presidente americano também voltou a lançar a ideia de retornar ao formato do G8, com a reincorporação da Rússia, excluída em 2014 após a anexação da Crimeia.

"Seria algo positivo", disse o magnata de 71 anos. Mas os europeus já rejeitaram a ideia, e a própria Rússia recusou o convite.

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou "nunca pediu para voltar" ao G8 e acredita que o G20, um fórum que se estende aos países emergentes, é "o formato mais promissor".

Num futuro imediato, a Rússia está mais preocupada em se aproximar da China e do Irã. Os chefes de Estado desses três países estão reunidos para a cúpula anual da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) na grande cidade costeira de Qingdao.

Seja qual for o resultado do G7, a cúpula voltou a ressaltar a clara vontade de Donald Trump de ditar sua agenda.

O presidente dos Estados Unidos, com a cabeça na reunião com Kim Jong Un, chegou 45 minutos atrasado neste sábado para um café da manhã dedicado à igualdade entre os sexos e simplesmente não compareceu a uma sessão sobre as mudanças climáticas.

Na sexta-feira, o presidente americano já havia sido o último a chegar ao hotel La Malbaie, com vista para o majestoso rio Saint-Laurent.

Trump nunca escondeu que dava mais importância à sua cúpula de terça-feira com Kim do que a esta reunião familiar entre antigos aliados. "É uma ocasião única", disse ele neste sábado, referindo-se ao encontro com o líder norte-coreano.

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