A situação continua confusa no Mediterrâneo, nesta segunda-feira (25), onde a Guarda Costeira líbia disse ter resgatado pelo menos mil migrantes durante o fim de semana, e vários navios humanitários, ou comerciais, esperam uma solução para continuar suas operações de resgate.
A Itália, que bloqueia o acesso a seus portos a ONGs internacionais, pediu-lhes no domingo que parem de intervir no resgate de migrantes e deixem a tarefa para a Guarda Costeira líbia.
O "Lifeline", embarcação da ONG alemã de mesmo nome, encontra-se em águas internacionais a cerca de 30 milhas náuticas da costa maltesa, com 234 pessoas a bordo, disse à AFP o cofundador da organização Axel Steier, acrescentando que o grupo foi resgatado na quarta-feira passada.
As autoridades líbias negaram ao navio de bandeira holandesa a autorização para atracar em um porto italiano e pediram à ONG que seguisse para a Líbia.
De acordo com a emissora RTL, o "Lifeline" recebeu víveres e medicamentos de Malta e, hoje, poderia ser recebido pela França.
Contactado pela AFP, Steier, que está na Holanda, garantiu que a embarcação não tem intenção de buscar um porto francês no momento.
"Ir na direção da França, sim. Inicialmente queríamos fazer isso, mas, devido às condições meteorológicas, agora não é possível. E não queríamos entrar em um porto, mas permanecer em águas internacionais", declarou, acrescentando que esta opção ainda é "possível".
Em entrevista coletiva nesta segunda, o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, confirmou que a entrada do "Lifeline" nos portos italianos não está autorizada.
"Vejamos se a Europa se lembra que existe, porque ainda há um navio carregado de migrantes em águas maltesas que espera ser recebido, e nós reafirmamos que será acolhido em um porto que não será italiano", disse ele durante sua visita relâmpago a Trípoli, na Líbia.
O "Seefuchs", da ONG alemã Sea-Eye e com bandeira holandesa, está atracado no porto maltês de La Valeta, onde fazem verificações sobre sua matrícula, já que as autoridades holandesas afirmam que não consta dos registros navais do país.
Segundo o chefe de missão, Michael Buschheuer, o processo de verificação "será concluído até o final de semana".
O navio "Open Arms", da ONG espanhola Pro Activa, está em águas internacionais frente à costa líbia.
No domingo, a organização afirmou que a Itália havia rejeitado ajudar seu navio para socorrer cerca de mil migrantes à deriva frente ao litoral líbio. Roma garantiu que a Guarda Costeira da Líbia se encarregaria desse grupo.
Também no domingo, seu porta-voz disse à AFP que a organização havia recebido, horas antes, "sete ou oito" chamadas de ajuda procedentes de embarcações com migrantes frente à Líbia. Segundo a Open Arms, os migrantes seriam enviados de volta para a Líbia.
Segundo a Guarda Costeira italiana, contactada nesta segunda-feira pela AFP, o porta-contêiner dinamarquês "Alexander Maersk" está próximo ao porto de Pozzallo, na costa sul da Sicília, com 108 migrantes a bordo. Este grupo foi socorrido na sexta-feira. "Esperamos ordens" para decidir as próximas operações, indicou um funcionário da Guarda Costeira em Pozzallo.
O navio mudou de rumo, após receber um sinal de socorro na sexta de manhã, acrescentou o porta-voz da Maersk Line, Mikkel Elbek Linnet. Foram socorridos 113 migrantes, mas cinco deles - quatro crianças e uma grávida - desembarcaram na noite de sábado.
A ministra dinamarquesa da Imigração e da Integração, Inger Stjoberg, "vai enviar" uma carta ao ministro Matteo Salvini para lhe pedir que aja para que essas pessoas não continuem embarcadas.
O "Aquarius", navio humanitário fretado pela ONG francesa SOS Méditerranée, encontra-se de novo na zona de resgate frente à costa líbia, após passar por Valencia, segundo uma porta-voz.
Em 17 de junho, o navio, que havia resgatado 630 migrantes frente à Líbia, atracou no porto espanhol, após a rejeição de Itália e Malta de acolhê-los uma semana antes.