Itália propõe criar centros para imigrantes fora da Líbia

De acordo com ministro do Interior do país, o objetivo é impedir que os imigrantes tentem cruzar o Mediterrâneo
AFP
Publicado em 25/06/2018 às 13:53
De acordo com ministro do Interior do país, o objetivo é impedir que os imigrantes tentem cruzar o Mediterrâneo Foto: Foto: Felix Weiss / Mission Lifeline e. V. / AFP


O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, indicou nesta segunda-feira em Trípoli que a Itália vai propor o estabelecimento de centros para "receber e identificar" imigrantes ao sul da Líbia na próxima cúpula da União Europeia, na quinta-feira em Bruxelas.

O objetivo é impedir que os imigrantes tentem cruzar o Mediterrâneo, onde centenas aguardam em uma situação de incerteza.

Durante uma coletiva de imprensa com o vice-primeiro-ministro líbio do governo de união nacional (GNA), Ahmed Meitig, Salvini indicou que a Itália "apoiará, em comum acordo com as autoridades líbias, estabelecer centros para receber e identificar (imigrantes) ao sul da Líbia, em sua fronteira externa, para bloquear a imigração".

O ministro italiano, líder do partido de extrema-direita Liga, não especificou em quais países estes centros deveriam ser instalados.

França e Espanha propuseram no sábado a criação de "centros fechados" nas costas europeias, principalmente na Itália, para organizar a chegada de imigrantes do Mar Mediterrâneo. Mas Salvini atacou essa proposta.

"Seria um problema para nós e para a Líbia, porque os fluxos de morte não serão interrompidos", indicou Salvini no Twitter após sua reunião com o ministro do Interior da Líbia, Abdessalam Ashur.

Meitig indicou, por sua vez, que seu país "rejeita categoricamente a instalação de campos para imigrantes dentro da Líbia".

O vice-primeiro-ministro líbio informou que convidou os países europeus à margem do Mediterrâneo a participarem de uma cúpula sobre a imigração em setembro em Trípoli. 

O ministro italiano, primeiro membro do novo governo italiano a viajar à Líbia, também se reuniu com o presidente do GNA, Fayez al Sarraj, e com o ministro do Interior líbio, Abdesalam Ashur.

Ele agradeceu mais uma vez a guarda costeira líbia pelo "excelente esforço de resgate" dos imigrantes no Mediterrâneo.

"Estamos absolutamente de acordo com o método de ação", disse ele, ressaltando a necessidade de "reforçar a soberania da Líbia no espaço (...) marítimo". Salvini criticou "a invasão deste espaço por organizações (ONGs) que querem substituir governos".

Como a Marinha da Líbia, o ministro italiano critica regularmente as organizações não-governamentais que operam no resgate de imigrantes no Mediterrâneo, acusando-as de ajudar os traficantes. 

Resgate

Quase 1.000 imigrantes foram resgatados no domingo em frente à costa líbia, segundo informou nesta segunda a Marinha da Líbia.

Nas imagens divulgadas do momento em que desembarcaram em Trípoli, centenas de imigrantes aparecem com a cabeça baixa e sérios, muito diferente dos sorrisos esboçados quando os barcos que os resgatam os levam para a Itália.

Centenas de imigrantes seguiam nesta segunda à espera de uma solução diplomática em frente às costas de Malta e da Sicília.

Cerca de 108 pessoas estão a bordo do navio dinamarquês "Alexander Maersk", a várias milhas náuticas do porto siciliano de Pozzallo, onde a tripulação esperava as ordens das autoridades marítimas italianas sobre o que fazer com os passageiros.

A mesma situação para o navio da ONG alemã Lifeline, que aguarda em frente à costa de Malta com 234 imigrantes a bordo.

Tanto Malta como a Itália se recusaram a receber os imigrantes, por determinação do novo governo e seu homem forte, Salvini.

A questão migratória foi o tema de uma cúpula no domingo, em Bruxelas, com o objetivo de reduzir as tensões dentro da União Europeia. A minicúpula terminou sem decisões concretas.

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