Etiópia e Eritreia normalizam relações após décadas de hostilidade

Os dois líderes não se reuniam há quase vinte anos. Eles entraram em um acordo para retomar o tráfego aéreo e marítimo, para a circulação das pessoas entre os dois países e a reabertura das embaixadas.
AFP
Publicado em 08/07/2018 às 17:48
Os dois líderes não se reuniam há quase vinte anos. Eles entraram em um acordo para retomar o tráfego aéreo e marítimo, para a circulação das pessoas entre os dois países e a reabertura das embaixadas. Foto: Yasuyoshi CHIBA / AFP


O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, anunciou neste domingo (8) a normalização das relações de seu país com a Eritreia, após um encontro histórico com o presidente eritreu em Asmara a fim de acabar com anos de hostilidade.

"Entramos em acordo para retomar o tráfego aéreo e marítimo, para a circulação de pessoas entre nossos dois países e a reabertura das embaixadas", declarou Abiy Ahmed ao fim dos diálogos com o presidente Issaias Afwerki.

A televisão oficial eritreia mostrou imagens dos dois dirigentes se abraçando no aeroporto, uma imagem inimaginável há alguns meses. Os dois líderes não se reuniam há quase 20 anos.

Normalização das relações

A reunião deste domingo foi organizada depois do anúncio, há um mês, de Abiy, que expressou a vontade da Etiópia de ceder para a Eritreia um território fronteiriço disputado que continua ocupando apesar de uma sentença contrária de uma comissão independente internacional de 2002 apoiada pela ONU.

O rechaço da Etiópia de ceder o território bloqueava as relações bilaterais apesar de os países terem acabado com as hostilidades após a guerra que os opôs entre 1998 e 2000, e que deixou 80 mil mortos.

Em abril deste ano, Abiy, de 42 anos, chegou ao poder em Adis Abeba, o que abriu caminho para a normalização das relações.

Abiy lançou reformas sem precedentes no segundo país mais povoado da África. Entre as mudanças está o anúncio, no início de junho, de sua intenção de aplicar o acordo de Argel de 2000 assinado com a Eritreia e as conclusões da comissão internacional sobre os limites fronteiriços.

A iniciativa foi bem recebida pelo presidente eritreu.

A região em disputa inclui a cidade de Badme, cuja soberania foi outorgada à Eritreia em 2002. As tropas etíopes deveriam se retirar da área. Os últimos combates nessa zona foram registrados há dois anos.

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