Nicarágua: incursão violenta de forças do governo deixa três mortos

O ataque aconteceu no sudoeste da Nicarágua, onde derrubaram barricadas erguidas por opositores de Daniel Ortega
AFP
Publicado em 08/07/2018 às 17:08
O ditador Daniel Ortega, saudado pelo PT como exemplo de democracia Foto: Inti OCON / AFP


Três mortos e vários feridos deixou neste domingo (8) uma incursão do batalhão de choque e de paramilitares por Diriamba e Jinotepe, no sudoeste da Nicarágua, onde derrubam barricadas erguidas por opositores do presidente Daniel Ortega, informou um grupo de direitos humanos.

"Foram reportados três mortos, dois em Diriamba e um em Jinotepe", informou à AFP Vivian Zúñiga, presidente do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH) no departamento de Carazo, ao qual pertencem os povoados.

Grupos de homens à paisana com capuzes pretos e fortemente armados percorrem ruas destas localidades, segundo vídeos divulgados por moradores e defensores dos direitos humanos.

"A situação é grave. Há um ataque desmedido das forças do governo, que está resultando em derramamento de sangue, mais mortes e luto em nosso país. A repressão das forças conjuntas é desproporcional", declarou o secretário executivo da Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos, Alvaro Leiva.

Segundo Vivian, as forças conjuntas pró-governo cercaram a basílica de San Sebastián de Diriamba, "para impedir que a mesma abra as portas para os feridos".

O secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Pablo Abräo, que está em Manágua verificando violações dos direitos humanos, denunciou que "grupos armados pró-governo apoiados pela polícia entram nas cidades de forma maciça".

Protestos

Bispos da Igreja Católica aconselharam os moradores a se proteger e pediram o fim da violência, que já deixou mais de 230 mortos em quase três meses de protestos contra Ortega.

Os protestos começaram em 18 de abril, contra a reforma da previdência social, mas, ante a forte repressão da polícia com grupos armados ilegais, ampliaram-se e passaram a exigir a saída de Ortega, 72, que acusam de instaurar com sua mulher, Rosario Murillo, uma ditadura marcada por corrupção e nepotismo.

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