Ao menos 122 pessoas morreram em consequência das fortes chuvas na região oeste do Japão, anunciaram as autoridades, que prosseguem com a busca por desaparecidos em bairros completamente cobertos de lama e entre os escombros de imóveis.
As operações de busca continuavam no oeste do arquipélago, onde dezenas de pessoas continuam desaparecidas. Por isso, as autoridades temem o aumento do balanço de mortos com o avanço dos trabalhos de busca.
Com a gravidade da situação, o primeiro-ministro Shinzo Abe cancelou uma viagem que o levaria a Bélgica, França, Arábia Saudita e Egito, informou a imprensa.
Na cidade de Kumano, a lama destruiu várias casas, que viraram pilhas de madeira.
O sol começa a secar as áreas inundadas. As equipes de emergência procuravam os vestígios de muitos desaparecidos.
"Estamos retirando os escombros onde podemos. Também retiramos casas destruídas. Se não fizermos isto é impossível chegar até os possíveis sobreviventes presos nos escombros", afirmou uma fonte militar.
Ao retornar para suas casas destruídas com a redução da chuva, os moradores começaram a perceber a amplitude da tragédia. Bairros inteiros estão inundados, veículos foram parar em crateras abertas em estradas devastadas, pontes foram destruídas e a lama domina o cenário.
Na cidade de Kurashiki, na província de Okayama, "parece que não há mais ninguém pedindo ajuda nos telhados das casas", afirmou um socorrista à AFP.
"Os socorristas se deslocavam ontem (domingo) em barcos pela amplitude das inundações, mas a água está escoando progressivamente e, se o nível registrar uma redução suficiente, poderão chegar a zonas muito afetadas por estrada ou a pé", disse à AFP a porta-voz da agência de gestão de catástrofes do município de Okayama.
"Hoje não chove, mas temos que permanecer alertas com a lama", insistiu.
Esta é uma das piores catástrofes do tipo nos últimos anos no Japão, com um número de vítimas que supera o registrado nos deslizamentos de terra de 2014 em Hiroshima, com 74 mortos.
As passagens de dois tufões em agosto e setembro de 2011 deixaram mais de 100 mortos.
No domingo, o governo retirou o estado de alerta máximo.
"As operações de resgate prosseguem as 24 horas do dia", afirmou no domingo à AFP Yoshihide Fujitani, diretor da agência de gestão de catástrofes de Hiroshima.
"Também ajudamos as pessoas retiradas de suas casas e tentamos recuperar as infraestruturas vitais como a rede de água e gás", declarou Fujitani à AFP.
"É uma situação anormal diante de um risco iminente, não se aproximem das zonas de risco, mantenham-se em alerta", insistiu um funcionário da agência meteorológica, Yasushi Kajiwara.
As chuvas entre sexta-feira e domingo atingiram níveis recordes em 93 pontos de observação de 14 municípios.
Cinquenta e quatro mil integrantes dos corpos de bombeiro, da polícia e das Forças de Autodefesa (nome do Exército japonês) foram mobilizados para as áreas afetadas, "fazendo o máximo para salvar vidas", destacou o primeiro-ministro Abe.
Quase cinco milhões de pessoas receberam a recomendação de deixar suas casas.
Algumas fábricas (Panasonic, Mitsubishi Motors, Mazda) foram obrigadas a paralisar suas cadeias de produção na região, assim como empresas de serviços como Amazon.
O Japão costuma ser afetado por fortes frentes de chuva, além de tufões, muitas vezes mortais, que alcançam o arquipélago no verão.