Em visita oficial no Reino Unido, o presidente dos Estado Unidos, Donald Trump, foi recebido com vários protestos em diversos pontos do país. Mesmo envolta de manifestações, Trump foi recebido pela primeira-ministra Theresa May, no Palácio de Blenheim. Segue-se um jantar de gala com 150 convidados ilustres.
Apesar de estar hospedado em Winfield House, a residência do embaixador dos Estados Unidos perto de Regent Park, no centro de Londres, a agenda de Trump evita a capital britânica, local onde se concentraram os protestos.
Uma pesquisa do instituto YouGov mostra que 77% dos britânicos têm uma opinião desfavorável de Trump e quase metade considera que a rainha não deveria recebê-lo.
As declarações de Donald Trump enaltecendo um rival político de Theresa May e descartando um acordo comercial colocaram a primeira-ministra britânica em uma situação embaraçosa no segundo dia da visita de presidente americano ao Reino Unido.
Em seu primeiro encontro após a divulgação da entrevista, Trump afirmou que sua relação com a primeira-primeira é "muito sólida". "A relação é muito, muito sólida. Temos uma relação muito boa", disse Trump ao lado de May, no início de uma reunião em Chequers, a residência campestre da primeira-ministra no subúrbio de Londres.
Após o encontro, os dois devem conceder uma entrevista coletiva. Depois, Trump seguirá com a esposa Melania para o castelo de Windsor, onde o casal tomará chá com a rainha Elizabeth II.
Em uma entrevista ao jornal The Sun, que começou a ser divulgada na quinta-feira à noite, quando May presidia um jantar de gala em homenagem a Trump, o presidente disse que Boris Johnson seria "um grande primeiro-ministro", que os planos da primeira-ministra de manter vínculos com a União Europeia após o Brexit impossibilitam um acordo comercial com os Estados Unidos e que a aconselhou a negociar com Bruxelas de um modo e ela fez o contrário.
Além disso, acusou o prefeito de Londres, Sadiq Khan, de ter feito um trabalho "terrível" contra o terrorismo, um ano depois da onda de atentados de 2017.
O secretário de Estado das Relações Exteriores, Alan Duncan, minimizou a entrevista de Trump em declarações à BBC e disse que "não é grosseiro elogiar Boris Johnson" e que Trump "é um polemista, é seu estilo". "É um grande personagem", completou Duncan.
Philip Hammond, ministro das Finanças, expressou a confiança de que May convencerá Trump de que sua proposta de manter os laços comerciais com a UE é boa. "O presidente ainda não teve a oportunidade de discutir co m a primeira-ministra o livro branco que, afinal de contas, foi publicado apenas ontem", disse Hammond. "Tenho certeza de que terão uma conversa muito positiva", completou.
Na entrevista, concedida ao The Sun na quarta-feira, um dia antes da viagem ao Reino Unido, Trump falou sobre o plano de May para resolver o principal tema doméstico e internacional de seu governo - que passa por um momento de fragilidade política.
"Se aprovarem um acordo como esse, estaríamos tratando com a União Europeia no lugar de com o Reino Unido, e isso provavelmente pode matar o acordo" que Londres deseja alcançar com Washington, advertiu Trump.
"Teria feito isto de maneira muito diferente. De fato disse à Theresa May como fazê-lo, mas ela não concordou, não me escutou. Tomou outro caminho", disse Trump, para quem a proposta de May não respeita o que os britânicos decidiram no referendo sobre a UE de junho de 2016.
E sobre Johnson, que pediu demissão esta semana como ministro das Relações Exteriores por suas divergências com May, afirmou: "Acredito que seria um bom primeiro-ministro, tem tudo o que é necessário". A oposição defendeu Theresa May.
"É extraordinariamente grosseiro por parte de Trump comportar-se desta maneira", disse Emily Thornberry, vice-líder do Partido Trabalhista no Parlamento.
"O que sua mãe ensinou?", questionou, antes de pedir que May o enfrente. Anthony Gardner, que foi o embaixador americano na União Europeia durante o governo do presidente Barack Obama, afirmou que as declarações "são um ataque sem precedentes a um aliado durante uma visita oficial". Trump "está fora de controle e é um constrangimento", completou.