A Argentina superará "essa tempestade" que atravessa e voltará a crescer em 2019, afirmou nesta quarta-feira (18) o presidente Mauricio Macri. Ele ratificou que buscará o ajuste fiscal para reduzir o déficit.
Em entrevista coletiva Macri disse não acreditar que "essa tempestade que estamos atravessando possa terminar em uma crise similar a outras do passado".
O presidente falou em um momento em que se espera, na sexta-feira (20), a chegada de Christine Lagarde, titular do Fundo Monetário Internacional (FMI), que outorgou em junho um empréstimo de 50 bilhões de dólares para contornar os efeitos de uma corrida cambial em maio.
"Estamos enfrentando uma tempestade, mas soubemos abaixar as velas e nos fortalecermos, mantendo o rumo. E continuo acreditando no futuro", continuou Macri.
O acordo com o FMI situa entre 0,4 e 1,4% o crescimento da Argentina para 2018, enquanto o orçamento estimava para este ano uma alta da economia de 3,5%.
"O crescimento (...) vai diminuir, teremos alguns meses nos quais as coisas que formulamos terão que amadurecer, mas vamos retomar o crescimento no ano que vem e voltar a gerar emprego, assim como geramos 700.000 postos de trabalho em 2017", afirmou.
O presidente admitiu que "domar a inflação não tem sido tão fácil como pensamos" e assegurou que vencê-la continua sendo a "prioridade absoluta".
A alta do custo de vida acumulou 16% no primeiro semestre e 29,5% no interanual de junho de 2017 a junho deste ano, segundo o instituto de estatísticas.
O governo havia fixado inicialmente sua meta de inflação para 2018 em 10%, embora em dezembro tenha modificado para 15%. No acordo com o FMI admite que ficará na ordem de 27%, enquanto as consultoras estimam que rondará os 30%.
Macri insistiu que a Argentina deve "deixar de ter um Estado que gasta muito mais" do que arrecada, mas não será por meio da cobrança de impostos, e sim pela redução dos gastos.
"Não podemos pagar mais impostos (...), ou seja, que os argentinos precisem se apertar mais por um Estado que nunca lhe alcança", afirmou.
Isso fará parte do orçamento de 2019 que o governo federal busca acordar com as províncias, e que prevê reduzir o déficit fiscal para 1,3% do PIB.
Macri, por sua vez, disse que não freará a redução gradual de impostos sobre as exportações de soja e seus derivados, medida que alguns de seus sócios reclamam, para alimentar os cofres do Estado.
"As retenções (impostos de exportação) destroem o futuro", afirmou.