Colaborador de Macron que agrediu manifestantes continuará detido

O caso ganhou repercussão na França e gera uma crise política para Macron
AFP
Publicado em 22/07/2018 às 14:28
O caso ganhou repercussão na França e gera uma crise política para Macron Foto: FRANCOIS GUILLOT / AFP / POOL


O colaborador do presidente francês, Emmanuel Macron, que agrediu vários manifestantes permanecia detido neste sábado (21), um caso que se tornou um escândalo político e que levará na semana que vem o ministro do Interior a comparecer ante uma comissão parlamentar.

Embora Alexandre Benalla, que exercia funções de segurança na presidência francesa, tenha sido demitido na sexta-feira, a crise política continua.

O caso explodiu com um vídeo publicado nesta semana pelo jornal "Le Monde" no qual Benalla aparece batendo violentamente em um manifestante que já estava no chão. Um segundo vídeo, publicado na sexta-feira, mostra com mais detalhes Benalla empurrando uma menina pelo pescoço e depois batendo em um jovem durante a manifestação.

O colaborador estava acompanhando uma unidade de policiais anti distúrbios em Paris em 1º de maio, Dia do Trabalho, quando tradicionalmente ocorrem manifestações. Nas imagens também aparece com um bracelete com a menção "polícia", que somente os agentes podem usar.

Benalla, de 26 anos, e Vincent Crase, um funcionário do partido do Macron que também estava na manifestação, foram detidos na sexta-feira acusados, entre outros, de violência e usurpação de funções. Nenhum dos dois é policial.

O ministro do Interior, Gérard Collomb, comparecerá na segunda-feira ante uma comissão da Assembleia Nacional para explicar o caso, anunciou a presidente dessa comissão, Yaël Braun-Pivet do LREM (A República em Marcha), partido de Macron.

SILÊNCIO PRESIDENCIAL

A oposição acusa o governo de querer esconder o caso e tanto a direita como a extrema direita pediram o comparecimento do presidente em pessoa.

Quando o Eliseu ficou a par dos feitos em maio suspendeu Benalla, mas não o demitiu até esta sexta, como consequência da revelação pública do caso.

"Estão tentando camuflar um assunto de Estado com uma demissão tardia", declarou Laurent Wauquiez, líder do partido de oposição Os Republicanos, em uma entrevista publicada neste sábado pelo jornal "Le Figaro". "Emmanuel Macron deverá prestar contas aos franceses", acrescentou.

"Se Macron não der explicações, o caso Benalla se tornará o caso Macron", tuitou Marine Le Pen, presidente do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional. Mas até agora Macron não comentou o caso, que ocupa todas as manchetes da imprensa francesa.

A prisão de Benalla foi prorrogada neste sábado, assim como a de Vincent Crase, e a polícia inspecionou a casa do primeiro em Issy-les-Moulineaux, nos arredores de Paris. Além disso, três policiais foram detidos por transmitirem imagens de câmeras de vigilância a Benalla.

Trata-se do chefe de Estado-Maior adjunto, de um delegado que estava no local no momento do ocorrido e do comandante encarregado das relações com a Prefeitura de Paris e com o Eliseu, de acordo com fontes conhecedoras da investigação.

No total há três investigações em curso: uma da Procuradoria de Paris, ainda preliminar, outra administrativa e uma na Assembleia Nacional.

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