Médicos são demitidos na Nicarágua por socorrer e apoiar manifestantes

Ao menos doze médicos e enfermeiras foram demitidos por atender manifestantes feridos e apoiar os protestos contra Ortega
AFP
Publicado em 27/07/2018 às 20:10
Ao menos doze médicos e enfermeiras foram demitidos por atender manifestantes feridos e apoiar os protestos contra Ortega Foto: Foto: MARVIN RECINOS / AFP


Ao menos doze médicos e enfermeiras de um hospital público da Nicarágua foram demitidos nesta sexta-feira por atender manifestantes feridos e apoiar os protestos contra o presidente Daniel Ortega, informou uma fonte médica.

Os funcionários foram demitidos do hospital Oscar Danilo Rosales, vinculado ao Ministério da Saúde e situado na cidade de León, "sem qualquer justificativa legal", denunciaram os próprios envolvidos.

As demissões aconteceram porque "dizem que fossos solidários e apoiamos" a luta do povo, declarou à  AFP o chefe do departamento de cirurgia e endoscopia do hospital, Javier Pastora.

O médico, que trabalha há 33 anos no sistema público de saúde, informou que entre os demitidos há ao menos oito médicos especialistas, três enfermeiras e um técnico de laboratório.

"Estava em uma cirurgia quando chegaram dos recursos humanos para me dizer que fosse à direção porque estava demitido", revelou o cirurgião especializado em oncologia Aarón Delgado.

É uma demissão "arbitrária, não há justificativa", protestou o pediatra Edgar Zúñiga, que também foi afastado.

"Fomos despedidos apenas por pensar diferente, (por dizer) que na Nicarágua precisamos de democracia, liberdade, o fim da repressão e das mortes, e mais diálogo".

Um protesto diante do hospital exige a reintegração dos funcionários.

León, um tradicional bastião sandinista, foi alvo de violentas incursões da polícia de choque e de paramilitares após o início dos protestos contra o governo, em 18 de abril.

Repressão

Segundo grupos humanitários, a repressão aos protestos já deixou mais de 300 mortos e 2 mil feridos, muitos socorridos por médicos voluntários fora dos hospitais, diante da suposta negativa dos órgãos públicos de atender os opositores.

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