O juiz argentino Claudio Bonadio declarou nessa terça-feira (14) que não está impedido de julgar a ex-presidente Cristina Kirchner, envolvida em um escândalo de corrupção que atinge vários ex-funcionários e grandes empresários do país, informou a imprensa local.
Kirchner, 65 anos, havia solicitado o impedimento de Bonadio na véspera, por considerá-lo "um juiz inimigo", e denunciou "uma perseguição".
Bonadio é o encarregado de julgar a ex-presidente em cinco dos seis processos que pesam sobre Kirchner.
Os advogados de Kirchner poderão recorrer agora à Câmara Federal para obter o impedimento, mas outros pedidos similares já foram recusados de forma categórica por esta instância.
Bonadio é o encarregado do caso conhecido como a "Lava Jato" argentina, um mega escândalo de subornos envolvendo contratos de obras públicas e financiamento ilegal de campanha durante os governos do casal Néstor e Cristina Kirchner.
O Senado discutirá esta semana se autoriza o pedido de Bonadio para batidas nas residências de Cristina Kirchner, que tem foro privilegiado como senadora.
A ex-presidente afirma que é inocente e que os processos fazem parte de um complô contra a esquerda latino-americana.
O caso, também conhecido como "o escândalo dos cadernos", explodiu há duas semanas e envolve uma dezena de ex-funcionários dos governos de Néstor e Cristina Kirchner e 20 grandes empresários.
O escândalo tem origem nas anotações do ex-motorista Oscar Centeno, que trabalhou para o então vice-ministro de Planejamento, Roberto Baratta, e durante 10 anos entregou milhões de dólares em subornos.
O diretor do organismo de concessão de obras viais durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007), Claudio Uberti, confirmou que tanto Cristina como o marido sabiam dos subornos que eram pagos para se obter obras públicas, segundo fontes judiciais.