Juiz argentino não se declara impedido de julgar Kirchner

A ex-presidente argentina havia solicitado o impedimento do juiz Claudio Bonadio por considerá-lo ''um juiz inimigo''
AFP
Publicado em 15/08/2018 às 1:21
A ex-presidente argentina havia solicitado o impedimento do juiz Claudio Bonadio por considerá-lo ''um juiz inimigo'' Foto: Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP


O juiz argentino Claudio Bonadio declarou nessa terça-feira (14) que não está impedido de julgar a ex-presidente Cristina Kirchner, envolvida em um escândalo de corrupção que atinge vários ex-funcionários e grandes empresários do país, informou a imprensa local.

Kirchner, 65 anos, havia solicitado o impedimento de Bonadio na véspera, por considerá-lo "um juiz inimigo", e denunciou "uma perseguição". 

Bonadio é o encarregado de julgar a ex-presidente em cinco dos seis processos que pesam sobre Kirchner.

Os advogados de Kirchner poderão recorrer agora à Câmara Federal para obter o impedimento, mas outros pedidos similares já foram recusados de forma categórica por esta instância.

"Lava Jato" argentina

Bonadio é o encarregado do caso conhecido como a "Lava Jato" argentina, um mega escândalo de subornos envolvendo contratos de obras públicas e financiamento ilegal de campanha durante os governos do casal Néstor e Cristina Kirchner.

O Senado discutirá esta semana se autoriza o pedido de Bonadio para batidas nas residências de Cristina Kirchner, que tem foro privilegiado como senadora.

A ex-presidente afirma que é inocente e que os processos fazem parte de um complô contra a esquerda latino-americana.

O caso, também conhecido como "o escândalo dos cadernos", explodiu há duas semanas e envolve uma dezena de ex-funcionários dos governos de Néstor e Cristina Kirchner e 20 grandes empresários.

O escândalo tem origem nas anotações do ex-motorista Oscar Centeno, que trabalhou para o então vice-ministro de Planejamento, Roberto Baratta, e durante 10 anos entregou milhões de dólares em subornos.

O diretor do organismo de concessão de obras viais durante o governo de Néstor Kirchner (2003-2007), Claudio Uberti, confirmou que tanto Cristina como o marido sabiam dos subornos que eram pagos para se obter obras públicas, segundo fontes judiciais.

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