As equipes de resgate da Indonésia encontraram mais pedaços de corpos nesta terça-feira (30) na área do acidente de um avião da companhia Lion Air, que caiu no mar com 189 pessoas nessa segunda-feira (29), uma tragédia provocada por uma falha em um instrumento de bordo.
O Boeing 737 MAX 8 da companhia aérea indonésia de baixo custo estava operacional há apenas alguns meses e desapareceu dos radares 13 minutos depois de decolar em Jacarta. A aeronave caiu no mar de Java pouco após solicitar ao controle aéreo permissão para retornar à capital indonésia.
Dezenas de socorristas e mergulhadores foram enviados ao local da queda do voo JT 610. Mas as autoridades não têm muitas esperanças de encontrar sobreviventes. Até o momento, as equipes utilizaram 10 sacos mortuários para guardar pedaços de corpos que serão enviados a Jacarta para análise de DNA, o que deve permitir a identificação, informou Muhammad Syaugi, diretor da Agência Indonésia de Investigação e de Resgate.
O vice-comandante da Polícia Nacional, Ari Donao Sukmanto, afirmou que entre os corpos encontrados estaria o de um bebê. As equipes de emergência também usaram 14 bolsas para guardar objetos recuperados, como sapatos, peças de roupa e carteiras. "Esperamos ver a maior parte dos destroços do avião, tudo o que estava na superfície foi recuperado", disse Syaugi.
O Comitê de Segurança de Transportes Nacionais (NTSC) informou que o avião transportava 178 passageiros adultos, uma criança, dois bebês, dois pilotos e seis membros da tripulação.
Entre eles estavam 20 funcionários do ministério indonésio das Finanças e o ex-ciclista italiano Andrea Manfredi. O impacto provavelmente aconteceu a grande velocidade. Nesta região o mar tem uma profundidade de entre 30 e 40 metros.
"Nossa prioridade é encontrar os principais destroços, com a ajuda de cinco navios de guerra equipados com detectores de metais", declarou Yusuf Latif, porta-voz da Agência de Buscas. As duas caixas-pretas - uma que registra as conversas e outra que registra os parâmetros de voo - não foram encontradas.
O avião seguia para Pangkal Pingang, cidade de passagem para os turistas que viajam à ilha vizinha de Belitung. A Lion Air informou que o Boeing estava em serviço desde agosto. O piloto e o copiloto tinham mais de 11.000 horas de voo. Recentemente passaram por exames médicos e testes de drogas, de acordo com a empresa.
Na segunda-feira, o presidente da Lion Air, Edward Sirait, admitiu que o avião passou por reparos em Bali antes de seguir para Jacarta. Ele não entrou em detalhes, mas citou um "procedimento normal".
A BBC, que teve acesso a um relatório técnico sobre o voo Bali-Jacarta de domingo, citou uma "falta de confiabilidade" de um instrumento para medir a velocidade e divergências nas medições da altitude entre os aparelhos do piloto e do copiloto.
A companhia aérea não respondeu aos pedidos de entrevista. A Boeing se declarou "profundamente triste" e "disposta a dar assistência técnica à investigação do acidente".
Após o acidente, vários boatos e notícias falsas circularam na internet, incluindo uma que afirmava que um bebê havia sobrevivido, assim como um vídeo que mostra passageiros de um avião tomados pelo pânico. O porta-voz da Agência Indonésia de Gestão de Catástrofes, Sutopo Purwo Nugroho, desmentiu as duas "informações".
A Indonésia, um arquipélago do sudeste asiático com 17.000 ilhas e ilhotas, é muito dependente do transporte aéreo, e os acidentes são frequentes. A Lion Air já registrou vários incidentes, o mais grave deles em 2004, quando 26 pessoas morreram depois que um avião saiu da pista em Solo, no centro de Java.