O procurador-geral da Colômbia respaldou, nessa terça-feira (20) que a Suprema Corte de Justiça nomeie um investigador especial para apurar o escândalo de propinas da Odebrecht, no qual está envolvido.
"O procurador manifestou profunda convicção que tem desde o primeiro dia: que nos casos de impedimento, o mais conveniente sempre será um procurador ad hoc", disse à imprensa Néstor Humberto Martínez.
O chefe do órgão acusador fez essa declaração após se reunir com o presidente e o vice-presidente do mais alto tribunal de Justiça, depois de ter sido o centro das atenções nas últimas semanas pelas revelações jornalísticas do plano de corrupção da multinacional brasileira na Colômbia.
Algumas publicações sugerem que ele sabia de irregularidades da construtora quando era advogado da Corficolombiana, sócia da Odebrecht no país, e que não denunciou-as.
O procurador, cuja renúncia foi solicitada por vários setores políticos, disse que ele é vítima de uma espécie de vingança pela "luta" contra a corrupção. "Isso não gera exatamente amigos", afirmou.
O presidente Iván Duque apoiou na segunda-feira (19) a proposta de um investigador especial que chegue "ao fundo" do complô de corrupção, após as acusações contra Martínez.
O caso sofreu uma reviravolta dramática na Colômbia após a morte, em 8 de novembro, de um auditor do consórcio formado pela empresa brasileira em conjunto com a Corficolombiana local para a construção da milionária Ruta del Sol II, que liga o centro ao norte do país.
Três dias depois, seu filho morreu envenenado com cianureto que bebeu de uma garrafa de água que encontrou na mesa de seu pai. Ambas as mortes estão sendo investigadas.
Segundo os áudios registrados por Pizano e divulgados na imprensa após sua morte, o então advogado Martinez foi informado dos crimes que a Odebrecht teria cometido.
Na época, Pizano tinha relação pessoal e profissional com o atual procurador, que trabalhava como advogado do influente banqueiro Luis Carlos Sarmiento, dono da Corficolombiana.