Seul vai fechar fundação para ex-escravas sexuais da guerra

A fundação, financiada pelo Japão, foi criada como resultado de um polêmico pacto bilateral de 2015 para compensar as vítimas
AFP
Publicado em 21/11/2018 às 8:41
A fundação, financiada pelo Japão, foi criada como resultado de um polêmico pacto bilateral de 2015 para compensar as vítimas Foto: Foto: BRYAN R. SMITH / AFP / Ahn Young-joon / POOL / AFP


A Coreia do Sul anunciou nesta quarta-feira (21) o fechamento de uma polêmica fundação financiada pelo Japão e criada para ajudar as ex-escravas sexuais da época da guerra, um gesto que desagradou Tóquio. A medida levou o governo japonês a convocar para consultas o embaixador sul-coreano e a pedir a Seul que respeite sua "promessa internacional". 

O tema das mulheres submetidas à escravidão sexual pelos soldados japoneses durante a Segunda Guerra Mundial — as chamadas "mulheres de conforto "— é uma questão muito sensível que afeta a relação entre Japão e Coreia do Sul, colonizada por Tóquio durante décadas. 

A fundação foi criada como resultado de um polêmico pacto bilateral de 2015, de acordo com o qual Tóquio transferiu um bilhão de ienes (8,8 milhões de dólares no câmbio atual) como compensação para as vítimas, enquanto Seul aceitou não voltar a abordar o tema. 

Mas quando o presidente sul-coreano Moon Jae-in sucedeu Park Geun-hye no governo, ele condenou o acordo por considerá-lo insuficiente.

"Tomaremos ações legais para dissolver formalmente a Fundação de Reconciliação e Cura", anunciou o ministério sul-coreano de Igualdade de Gênero, que supervisiona a questão. "Decidimos terminar com o projeto, segundo nossa análises e as circunstâncias atuais ao redor da fundação", afirma um comunicado, que cita o desejo de encontrar "uma forma razoável de administrar" o dinheiro que resta da quantia enviada pelo Japão. 

Japão reagiu com irritação a decisão

O governo japonês reagiu com irritação e pediu a Coreia do Sul que cumpra com o acordo, sob risco de trair sua reputação. "O acordo Japão-Coreia do Sul assinado há três anos era a resolução final e irreversível", afirmou o primeiro-ministro nipônico, Shinzo Abe.  "Se você rompe uma promessa internacional, fica impossível manter os laços entre países", completou. 

O ministério japonês das Relações Exteriores convocou o embaixador sul-coreano para explicar a medida. 

De acordo com historiadores, 200.000 mulheres, a maioria coreanas mas também de outras partes da Ásia, como a China, foram obrigadas a atuar como escravas sexuais por soldados japoneses.

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