Haiti sob tensão após protestos letais e uma presidência ausente

Três pessoas morreram durante os protestos contra corrupção, segundo a polícia; a oposição denuncia 11 mortos em todo o país
AFP
Publicado em 22/11/2018 às 7:29
Três pessoas morreram durante os protestos contra corrupção, segundo a polícia; a oposição denuncia 11 mortos em todo o país Foto: HECTOR RETAMAL / AFP


Uma tensão incomum reina no Haiti, onde a presidência se mostra ausente depois das grandes manifestações desse domingo (18), manchadas pela violência e comandadas por uma juventude que denuncia a corrupção do poder e exige a renúncia imediata do chefe de Estado.

Três pessoas morreram baleadas no domingo durante esses protestos contra a corrupção e o poder, segundo a Polícia Nacional do Haiti (PNH), enquanto a oposição denuncia uma cifra de 11 mortos em todo o país. Desde então, escolas, estabelecimentos comerciais e empresas privadas permaneceram fechados nas principais cidades, após uma convocação de greve geral lançada pela oposição.

A capital Porto Príncipe seguia quase deserta nessa quarta-feira (21) de manhã, embora alguns cidadãos se arriscassem a sair. Embora a polícia tenha patrulhas ao longo dos principais eixos viários da cidade, além de blitz nos cruzamentos mais importantes, a situação permanece tensa, pois várias estradas foram bloqueadas por barricadas em chamas.

"A polícia opera com o mesmo dispositivo anunciado antes da manifestação de domingo, por meio do qual planejamos administrar o antes, durante e depois do protesto. Sempre estamos no depois", afirmou à AFP Gary Desrosiers, porta-voz da PNH. "Seguimos no terreno para garantir a proteção de todos", acrescentou, sem dar mais detalhes.

Diálogo e calma

Em discurso na noite desta quarta-feira em rede nacional, o presidente Jovenel Moise reafirmou sua legitimidade, na primeira aparição pública desde o início das manifestações.

Ao lado do primeiro-ministro, Jean-Henry Céant, dos ministros do Interior e da Justiça, e dos chefes da Polícia Nacional, o presidente Moise pediu calma e apelou ao diálogo.  "Peço ao primeiro-ministro que se reúna com todos, de todas as tendências, como sempre fiz. O diálogo deve unir todas as camadas da sociedade, respeitando a Constituição", disse Moise em um discurso de seis minutos à Nação.

"Durante os cinco anos da minha presidência, ninguém, digo ninguém, sob qualquer pretexto, pode ameaçar os interesses do país ou colocar a Nação em risco", declarou o chefe de Estado, que assumiu a presidência em 7 de fevereiro de 2017.

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