O Japão anunciou, nesta quarta-feira (26), sua retirada da Comissão Internacional Baleeira (CIB) para retomar a caça comercial de cetáceos, 30 anos depois de ter encerrado esta prática, ao menos oficialmente.
Na realidade, o Japão nunca interrompeu completamente a caça às baleias, utilizando um cláusula da moratória de 1986 que autoriza a captura destes animais para pesquisa.
Mas agora retomará publicamente a caça com fins comerciais, como já fazem Islândia e Noruega.
Foi no século XII, segundo a Associação Japonesa da Caça de Baleias, que os pescadores do arquipélago começaram a capturar esses animais marinhos com arpões.
No século XVII, a prática foi organizada na cidade de Taiji (oeste), atualmente conhecida - e muito criticada no exterior - como um porto de caça de golfinhos.
Pós-guerra: fonte de proteínas
Em 1906, foi construída uma base para a caça de baleias em Ayukawa (região de Miyagi, nordeste), marcando o início da caça de baleias moderna no arquipélago.
No fim da Segunda Guerra Mundial, houve escassez de alimentos no Japão, e a carne de baleia se tornou uma importante fonte de proteínas.
Em pleno auge da caça, nos anos 1950, cerca de 2.000 baleias chegavam a porto por ano.
Em 1951, o Japão aderiu à CIB, criada em 1946 para conservar e administrar a população mundial de baleias e cetáceos. O Japão se tornou um dos maiores países baleeiros do mundo.
Anos 1980: moratória e pesquisa científica
Em 1986 entrou em vigor uma moratória sobre a caça comercial decidida na CIB, que o Japão assinou. Em 1988, o arquipélago parou de caçar pequenos rorquais e cachalotes nas águas costeiras japonesas.
Mas ao mesmo tempo começou a "pesquisa científica" na Antártica em 1987, que continua ainda hoje, matando os cetáceos e servindo-se de uma cláusula especial da moratória que autoriza a caça com fins científicos.
Condenação da ONU e da Sea Shepherd
A partir de 2005, durante suas campanhas de caça na Antártica, os baleeiros japoneses foram assediados pelos navios da organização Sea Shepherd que, no entanto, acabou optando por parar de seguir a frota japonesa após 2017.
Em 2014, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), tribunal das Nações Unidas, ordenou ao Japão que pusesse fim a sua caça regular nas águas da Antártica, rejeitando o argumento da pesquisa científica.
O Japão cancelou sua campanha do inverno de 2014-2015 na Antártica, mas a retomou na temporada seguinte, no âmbito de um novo programa que, segundo o país, responde aos critérios científicos da CIB. A União Europeia e outros 12 países condenaram esta atitude do Japão.
2018, ameaça e anúncio da retirada da CIB
Em setembro de 2018, a CIB rejeitou a proposta do Japão de revisar a gestão dos diferentes tipos de pesca dentro da comissão, com o objetivo de retomar a caça de baleias com fins comerciais. A proposta do Japão foi rejeitada por 41 votos contra 27. O governo nipônico ameaçou abandonar a instância internacional.
Em 26 de dezembro, o Japão anunciou sua retirada da CIB e a retomada da caça comercial a partir de julho de 2019.