Héctor Timerman, ex-chanceler argentino que tentou reativar a causa do violento atentado contra o centro judeu AMIA mediante um polêmico acordo com o Irã, morreu na madrugada deste domingo (30), aos 65 anos, vítima de um câncer, informou a família.
Seu desempenho público gerou uma grande controvérsia aguda entre os que defenderam e os que criticaram o memorando com Teerã, assinado em 2013.
A origem dessa questão diplomática e política sensível foi a bomba que explodiu em 18 de julho de 1994 no prédio de sete andares da AMIA em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e 300 feridos.
Em 2006, o governo do falecido presidente Néstor Kirchner (2003-2007) acusou ex-governadores iranianos, incluindo o ex-presidente Ali Rafsanjani, do ataque.
A sucessora no poder, Cristina Kirchner (2007-2015) repetidamente pediu a Teerã para que permitisse investigar os suspeitos.
Por gestão de Timerman, o governo iraniano assinou um acordo para que uma comissão internacional de juristas realizasse a investigação em um país neutro.
O Congresso argentino aprovou o acordo por grande maioria, com o apoio de governos e aliados.
O parlamento iraniano, por outro lado, não o endossou.
E Kirchner e Timerman foram acusados pelos governos dos Estados Unidos e Israel de cometer um erro grave ao assinar um memorando com o que consideravam "um estado terrorista".
O ex-presidente e ex-chanceler foram indiciados e julgados na justiça argentina por "traição contra a pátria" por causa desse acordo.
O Ministério das Relações Exteriores argentino expressou suas condolências à família do falecido, juntamente com líderes e ex-funcionários da administração integrada por Timerman.
Todos destacaram sua trajetória em mensagens através das redes sociais