Milhares de iraquianos entoaram, neste sábado (4), em Bagdá, palavras de ordem contra os Estados Unidos no funeral do general iraniano Qasem Soleimani e de um líder miliciano, mortos no Iraque por um drone americano.
Pouco antes, um novo ataque aconteceu no norte de Bagdá contra um comboio da Hashd Al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-iraniana que faz parte das forças de segurança do Iraque, segundo uma fonte policial.
Leia Também
- Bolsonaro diz que retaliação do Irã após ataque de Trump seria 'suicídio'
- Governo brasileiro apoia 'luta contra terrorismo' em nota sobre ação dos EUA no Irã
- Trump diz que EUA acabaram com general iraniano, mas não querem começar guerra
- EUA: general do Irã preparava 'ação importante' contra vidas americanas
- Conheça Soleimani, o general do Irã morto em ataque ordenado por Trump
- Irã promete 'retaliação severa' aos EUA após morte de general
"Há mortos e feridos", disse Hashd, acusando os Estados Unidos, que ainda não reagiu.
O assassinato, na sexta-feira (3), de Soleimani - o arquiteto da política do Irã no Oriente Médio - e do líder miliciano Abu Mehdi Al Muhandis - número dois da Hashd Al Shaabi e considerado o homem do Irã em Bagdá - faz temer um novo conflito na região.
O Irã prometeu "uma dura vingança no momento e no lugar apropriados".
O ataque perto do aeroporto de Bagdá destruiu completamente dois veículos e deixou um total de dez mortos, cinco iraquianos e cinco iranianos.
Neste sábado (4), milhares de pessoas gritavam "Morte aos Estados Unidos!" no bairro xiita de Kazimiya, em Bagdá, durante o cortejo fúnebre do general e do líder miliciano.
Os corpos das dez vítimas serão levados de Kazimiya para a chamada Zona Verde, um bairro sob rigorosas medidas de segurança e sede de instituições governamentais e de várias embaixadas, incluindo a dos Estados Unidos, que na terça-feira sofreu um ataque de apoiadores da Hashd.
O primeiro-ministro iraquiano Adel Abdel Mahdi também participou do funeral, assim como Hadi Al Ameri, chefe das forças pró-iranianas no parlamento iraquiano, o ex-primeiro-ministro Nuri Al Maliki e vários chefes de facções xiitas pró-iranianas.
Após o funeral, os corpos serão transferidos para Kerbala e Najaf, duas cidades sagradas xiitas ao sul da capital.
Al Mouhandis será enterrado no Iraque e o corpo de Soleimani será transferido para o Irã, onde será sepultado na terça-feira em sua cidade natal, Kerman (centro).
Na terça-feira passada, durante o funeral de 25 combatentes de uma milícia Hashd, a multidão atacou o primeiro perímetro da embaixada dos Estados Unidos com barras de ferro.
Analistas temem conflito entre o Irã e os Estados Unidos
Os analistas agora temem um conflito entre o Irã e os Estados Unidos em solo iraquiano.
O presidente americano, Donald Trump, disse, no entanto, que eliminou Soleimani para parar uma guerra e não começar outra, e garantiu que o general planejava um ataque "iminente" contra os interesses dos Estados Unidos.
No Irã, as autoridades decretaram três dias de luto oficial em memória de Soleimani, de 62 anos.
Na sexta-feira, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Teerã aos gritos de "Morte aos Estados Unidos!".
O Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse que os Estados Unidos cometeram "seu erro mais grave" com a morte de Soleimani.
"Esses criminosos sofrerão uma dura vingança no momento e local apropriados", alertou.
O guia supremo iraniano, Ali Khamenei, e o presidente Hassan Rohani, que já nomearam Esmail Qaani para substituir Soleimani, também pediram represálias.
Após o ataque, as forças pró-iranianas parecem mais fortes do que nunca no Iraque, país mergulhado há três meses em uma revolta popular contra o poder e a influência do Irã.
O ataque americano "viola a soberania do Iraque", disseram os líderes iraquianos.
O líder xiita iraquiano Moqtada Sadr reativou sua milícia, chamada Exército Mehdi, que havia sido dissolvida após a luta contra a ocupação americana no Iraque (2003-2011).
Por sua parte, Hadi Al Ameri, líder dos parlamentares pró-iranianos no Iraque, pediu união para "expulsar as tropas estrangeiras", referindo-se aos americanos.
Os deputados se reunirão no domingo (5) e poderão revogar o tratado entre o Iraque e os Estados Unidos, que permite a presença de 5.200 soldados americanos no país petrolífero.