A terceira idade no mundo digital

Já vai longe o tempo em que a boa idade era tempo de inércia
Silvio Profírio da Silva
Publicado em 31/07/2011 às 22:01
Foto: Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem


Sabemos que o século XX presenciou um intenso desenvolvimento tecnológico. Com isso, o mundo, nos últimos anos, tem vivenciado inúmeros avanços e progressos tecnológicos. Tais avanços têm se refletido em diversos âmbitos sociais, ocasionado, assim, a reconfiguração das relações sociais a das práticas cotidianas. Em função disso, o acesso ao mundo digital vem, continuamente, sendo algo presente nas práticas das relações sociais em diversas faixas etárias [público de diversas idades]. É nesse contexto que o uso do computador e, consequentemente, o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação – TICs tem crescido intensamente, sobretudo, no que tange ao público da terceira idade.

Durante muito tempo, a terceira idade, ou como muitos chamam, a velhice era sinônimo de inércia [falta de atividade/ movimento], de descanso [repouso], de ostracismo e de afastamento de diversos tipos de atividades. Diante disso, as pessoas pertencentes a essa faixa etária não praticavam inúmeros tipos de atividades, tais como: lúdicas, esportivas, etc. O que alçava esses sujeitos a um papel passivo nas práticas sociais do dia-a-dia.  Contudo, nos últimos anos, a sociedade tem passado por diversas modificações/ no âmbito das relações sociais, o que tem acarretado reconfigurações nos papeis sociais. É nesse cenário, que a terceira idade passa a ser concebida como uma faixa etária comum e que pode desempenhar/ exercer seu/ sua papel/ função social.

É nesse cenário, também, que muitos idosos têm se dedicado a diversos tipos de atividades, tais como: esportes, atividades de lazer, cursos e, até mesmo, ao campo profissional. Em outras palavras, muitas pessoas dessa faixa etária se inserem novamente no mercado de trabalho, ainda que já sejam aposentadas. No entanto, um aspecto que se destaca nas novas práticas corriqueiras do dia-a-dia desse público diz respeito ao acesso à informática e, por conseguinte, ao universo digital. Dentro dessa perspectiva, o acesso à internet, às redes sociais, a recursos de entretenimento, o uso de e-mails [correio eletrônico], compras virtuais, cursos na modalidade EaD, pagamentos de contas e outros recursos oriundos do âmbito digital têm feito parte da rotina cotidiana da terceira idade. Essa utilização das TICs tem gerado inúmeros benefícios e facilidades para as mais diversas faixas etárias e, acima de tudo, para a terceira idade. O que reforça a perspectiva do computador como algo necessário.

Entretanto, o acesso ao mundo digital não se restringe aos benefícios da vida cotidiana, mas também abrange benefícios cognitivos. Isto é, o fato de levar o idoso a utilizar a mente e o intelecto, produzindo, assim, o conhecimento [dando sentido e elaborando significados a partir das informações recebidas]. Não se pode negar que, para uma grande parte de pessoas pertencentes a esse público, a utilização desses artefatos da informática ainda é um desafio. Dito de outra forma, o medo/ receio do novo e de algo contemporâneo é algo compartilhado por diversas pessoas da terceira idade. Além disso, muitos são refratários à informática. Contudo, a nova perspectiva do acesso ao universo digital por parte da terceira idade alça esse público à condição de um sujeito ativo nas práticas cotidianas das relações sociais, o que transcende a perspectiva do ostracismo.

 
Silvio Profirio da Silva é aluno do Curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.
E-mail: silvio_profirio@yahoo.com.br

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