Editorial: Energia solar se espalha pelo mundo e chega a Sobradinho

Trata-se de uma revolução em andamento, na qual a substituição da energia suja pela energia renovável e limpa se configura como tendência irreversível
JC Online
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Publicado em 09/08/2019 às 8:40
Trata-se de uma revolução em andamento, na qual a substituição da energia suja pela energia renovável e limpa se configura como tendência irreversível Foto: Foto: Igo Bione/Acervo JC Imagem


A energia do futuro está cada vez mais presente no mundo inteiro. Placas de captação da luz do sol se espalham, de maneira especial em largas porções de territórios com grande incidência de calor. Trata-se de uma revolução em andamento, na qual a substituição da energia suja, que traz poluição e efeitos climáticos de impacto imprevisível, pela energia renovável e limpa se configura como tendência irreversível. Aproveitar essa tendência e buscar a ampliação da diversificação da matriz energética – na prática, uma limpeza da energia – tem sido parte inescapável da agenda dos governos nacionais e locais. O que já foi assunto de visionários, torna-se pauta estratégica, tanto para os países ricos que enxergam os ganhos econômicos e ambientais na troca, quanto para aqueles em desenvolvimento, de olho no crescimento da demanda energética em decorrência da esperada elevação do consumo pela população.

SOBRADINHO

A inauguração da primeira etapa da usina solar fotovoltaica flutuante do Lago de Sobradinho pode ser vista como um grande avanço do Brasil na direção acertada da renovação da matriz de energia. O empreendimento instalado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) atravessa três governos, contando com Dilma Rousseff e Michel Temer. E agora nutre a expectativa de aceleração na política de renovação da energia nacional por meio do investimento solar. Com aporte de R$ 56 milhões, a usina começa com a capacidade de 1 MWp (megawatt-pico), e a previsão de acréscimo de 1,5 MWp até dezembro deste ano. Além de reduzir a evaporação da água da barragem em cerca de 70%, o espelho energético aumenta a produção de energia de Sobradinho em 16% – significando, portanto, menos desperdício e mais produtividade. No mundo novo da energia, mais sol também se traduz como mais água, permitindo inclusive o melhor aproveitamento do potencial de irrigação no Semiárido nordestino.

A superfície d’água de Sobradinho possui uma área de 4,2 mil quilômetros quadrados, e sua hidrelétrica gera 1,05 mil MW. Apenas 11 mil metros quadrados, por enquanto, compõem o mosaico de quase 3,8 mil placas solares. A intenção do governo federal é expandir o uso do lago para captação de energia solar. Além da vantagem ambiental, há um componente econômico nada desprezível: a combinação com a energia hidrelétrica evita a necessidade de desapropriação de terras, e aproveita as subestações e linhas de transmissão já existentes. 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o modelo de Sobradinho pode ser replicado na Transposição do Rio São Francisco, através de concessão. O investimento previsto é de grade porte: R$ 15 bilhões, gerando 12 mil empregos e amenizando os custos para os Estados que irão se beneficiar com a distribuição de água por 477 quilômetros nos dois canais, de Cabrobó (PE) a Jati (CE), e de Floresta (PE) a Monteiro (PB). O leilão à iniciativa privada da energia solar da Transposição está planejado para o segundo semestre do ano que vem.

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