O MDB marcou para 4 de agosto a convenção nacional que deve homologar a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à Presidência. Embora Meirelles ainda esteja com 1% das intenções de voto, levantamento feito pela cúpula do partido indica que o apoio dos diretórios estaduais ao nome dele cresceu.
Em reunião realizada nesta segunda-feira (9) em Brasília, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha; de Minas e Energia, Moreira Franco, e o presidente do MDB, senador Romero Jucá, disseram a Meirelles que, agora, ele precisa fazer movimentos externos para ganhar a confiança do eleitor.
Padilha apresentou ali uma planilha indicando que, se a convenção do MDB fosse hoje, a candidatura do ex-ministro seria aprovada por cerca de 70,4% dos presentes. Pelas contas do titular da Casa Civil, que também é vice-presidente do MDB, Meirelles tem aval de 443 dos 629 delegados. Ainda há, porém, resistências ao lançamento do ex-chefe da equipe econômica nos diretórios do MDB de Alagoas, Ceará, Sergipe, Paraná e Pernambuco.
Jucá afirmou que o MDB não retirará Meirelles do páreo. "Não tem sentido o maior partido do Brasil ficar no banco de reserva", disse o senador ao Estado. "Temos de jogar para a frente, mesmo porque o momento que vivemos não é de se eximir do debate. A sociedade cobra firmeza e coerência."
Sob forte desgaste, o presidente Michel Temer não entrará na campanha. Recente pesquisa Ibope, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostrou que o governo Temer é reprovado por 79% da população. Nesse cenário, a companhia do presidente no palanque é considerada tóxica até mesmo por aliados.
Até agora, o MDB não fechou aliança com nenhum partido para ocupar o posto de vice e pode até apresentar uma chapa puro sangue. "Não tem problema. Nós temos o maior tempo de TV e, por enquanto, estamos tratando de reforçar nosso candidato", insistiu Jucá.
Na tentativa de se apresentar como alternativa entre os "extremos", Meirelles vai reforçar o discurso da pacificação. Em novo vídeo da campanha para as redes sociais, dois grupos -- um vestido de vermelho e outro, de azul -- medem forças e protagonizam acirrada queda de braço, puxando uma retorcida bandeira do Brasil.
O filme entra no ar na esteira da guerra de decisões sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A batalha deste domingo para tirar Lula da cadeia jogou os holofotes para a disputa dentro do Judiciário e movimentou a corrida eleitoral.
Ancorada pelo mote #ChamaOMeirelles, a propaganda do ex-ministro da Fazenda mostra dois pólos de força, com homens e mulheres tentando "conquistar" a bandeira. "De um lado, dizem que tudo não passou de um golpe. Do outro, dizem que a solução para o País são ideias radicais e perigosas, que não deram certo nem no século passado", observa um locutor em off. "Em meio a tudo isso, a maioria silenciosa dos brasileiros, que não está nem de um lado e nem do outro, sofre com toda essa tensão."
O vídeo do "estica e puxa" termina com uma mensagem de otimismo, depois que a bandeira aparece, sã e salva, aberta. Ao lado dela, eleitores de todas as colorações estão juntos e sorridentes. "Você e o nosso país merecem muito mais do que isso. Merecem ter de volta um Brasil que cresça de verdade para todos. Com paz, diálogo e trabalho", diz o filme.