O governador Paulo Câmara (PSB) comunicou à senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, que dará palanque à candidatura do ex-presidente Lula (PT) mesmo que o PSB decida nacionalmente pela aliança com o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). O socialista prometeu “fazer todos os esforços” para concretizar a coligação com o PT e ouviu de Gleisi que a pré-candidata petista ao governo do Estado, a vereadora Marília Arraes, e a militância “entendem” a estratégia nacional do partido de buscar o PSB.
“A direção estadual já se manifestou pela aliança com o PT em favor da candidatura do presidente Lula. Isso é o que nós estamos defendendo internamente no partido e vamos continuar a defender. E vamos fazer todos os esforços para que essa aliança se concretize”, afirmou Paulo.
Um dia após se encontrar com Ciro em Brasília, o governador disse que o pedetista sabe da decisão em Pernambuco de priorizar Lula. “Vamos defender o apoio formal (ao PT). Dependendo da discussão, se a neutralidade for majoritária, a gente tem que entender isso. Agora o nosso posicionamento aqui é do apoio à candidatura do presidente Lula”, explicou ainda, ao ser questionado sobre as chances de cada Estado ser liberado para compor seus palanques presidenciais.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), reagiu contra as discussões quanto a uma possível neutralidade dos socialistas no plano federal. “Seria lamentável que um partido com a história do PSB se omitisse no momento mais delicado da história recente do Brasil”, afirmou. “Tenho respeito e apreço por Marina Silva, Álvaro Dias e (Geraldo) Alckmin, mas considero Ciro Gomes o nome mais adequado para liderar as forças progressistas”, emendou, em um sinal da resistência em favor do pedetista.
No Recife, Paulo deu a Gleisi um mapa da situação do PSB. Disse que no Nordeste, Norte e Centro-Oeste é possível composições com o PT. Minas Gerais, Espírito Santo e Piauí são resistências. Há dificuldade de compor em São Paulo, onde o governador Márcio França (PSB) busca a reeleição. No Sul também há reação, mas Câmara disse que eles têm menos peso na convenção nacional do dia 05 de agosto, onde Pernambuco levará 91 delegados.
“A ala pernambucana do PSB é a maior do Brasil. E só por isso já saímos na frente. Evidentemente, nós não estamos isolados. A maioria dos diretórios do PSB no âmbito do Nordeste defende essa aliança. E em alguns Estados também do Norte e do Centro-Oeste”, afirmou Câmara. O governador disse que sua posição é coerente com a decisão do PSB de só coligar com partidos de centro-esquerda. A fala foi lida como uma oposição ao diálogo entre Ciro e partidos do “centrão”.