Pré-candidato ao governo estadual pelo PTB, o senador Armando Monteiro afirmou, após o anúncio da retirada do nome da vereadora Marília Arraes (PT) da disputa ao Palácio do Campo das Princesas, que, caso a aliança PT-PSB se confirme, “ficará claro que Paulo (Câmara, PSB) sempre pretendeu reduzir o quadro da disputa em Pernambuco, eliminar concorrentes”. A aliança entre petistas e socialistas, desde o início condicionada à saída de Marília do páreo, beneficiaria a candidatura de Paulo à reeleição. Para Armando, contudo, o movimento pode ser classificado como “um golpe no PT de Pernambuco”.
Durante entrevista que concedeu ao JC na noite da última quarta-feira (1º), por telefone, o senador fez questão de ressaltar que ainda não conhecia os detalhes da determinação petista e que, por isso, preferia ser cauteloso ao comentar o caso. Apesar disso, Armando disse que uma decisão partidária vertical em prejuízo da pré-candidatura de Marília não deixava de ser uma “violência”, sobretudo por parte do governador Paulo Câmara (PSB).
“Se isso (a retirada do nome de Marília) for confirmado, não deixa de ser uma violência. Um processo que fere a autonomia dos atores locais. Uma intervenção. Mas ficou claro desde o início que o PSB de Pernambuco faria tudo para tentar afastar a candidatura de Marília. O Paulo sabe que é muito mal avaliado e teme qualquer candidatura, sobretudo quando ela se situa no campo de oposição”, avaliou o parlamentar.
Na visão do petebista, estando fora da disputa pelo governo do Estado, é pouco provável que Marília Arraes suba no palanque da Frente Popular para pedir votos para Paulo Câmara. Questionado se o apoio da petista à sua candidatura seria bem-vindo, porém, Armando afirmou que seria deselegante especular sobre essa possibilidade, uma vez que ainda haveria tempo para a vereadora tentar reverter a decisão da cúpula petista.
“É claro que ela (Marília), que sempre sublinhou essa postura de oposição no Estado, se amanhã pudesse manifestar uma posição de apoio ao nosso projeto, seria muito bem-vinda. Mas eu não quero aparecer agora como quem já é pescador dessa pessoa. Não quero especular sobre isso. Eu acho que nem elegante seria”, ressaltou.
Preparando-se para a convenção do grupo Pernambuco Vai Mudar, que ocorrerá no próximo sábado (4), no Classic Hall, Armando frisou que ainda não decidiu quem ocupará a vaga de vice na sua chapa. O senador deixa claro, no entanto, que uma possível aliança entre PT e PSB não deve interferir nos critérios de escolha do nome.
Desde que o senador foi anunciado como o cabeça da majoritária da Frente das Oposições, políticos das mais diversas legendas foram citados como possíveis ocupantes da vice na chapa. Os vereadores do Recife Fred Ferreira (PSC) e André Régis (PSDB), bem como o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes (PSDB) foram alguns dos nomes lembrados no período.
Mais recentemente, a deputada estadual Priscila Krause (DEM) foi apontada como a solução mais viável para o petebista, uma vez que Marília era praticamente uma certeza na corrida ao governo do Estado até o início desta semana e a presença feminina na chapa de Paulo já é dada como certa, com a deputada federal Luciana Santos (PCdoB) na vice. Como na majoritária de Armando só há homens (além do próprio Armando, há ainda os pré-candidatos ao Senado Mendonça Filho e Bruno Araújo), a chegada de uma mulher ao grupo poderia beneficiar a coligação. Não se sabe, contudo, se o fato de a candidatura de Marília Arraes ter sido rifada pelo PT pode mudar a estratégia do coletivo.