Por meio do presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou um recado aos setores do PT que querem limitar a exposição do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, escolhido para ser o vice na chapa do petista. Ao sair da superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula está preso desde o dia 7 de abril, Freitas disse que o ex-presidente indicou Haddad como "seu representante, sua voz e suas pernas", em debates e demais compromissos de campanha enquanto ele estiver na cadeia.
"Ele (Lula) pediu para eu dar um recado importantíssimo para as pessoas todas do Brasil inteiro. O Fernando Haddad é o representante dele, é a voz dele, as pernas dele enquanto ele estiver preso. Fernando Haddad fala em nome dele, deve representá-lo nos debates e aparições públicas, deve viajar o Brasil, porque o Fernando é a voz do Lula enquanto ele estiver na cadeia. Essa tarefa é dada ao Fernando Haddad pelo próprio presidente Lula e isso é muito importante para que nós tenhamos a possibilidade de Lula ser representado enquanto estiver aqui", disse Freitas, no final da tarde desta quinta-feira (9).
Nessa quarta-feira (8), a Executiva Nacional do PT decidiu que Haddad não seria o representante de Lula no debate da TV Bandeirantes. O grupo, que era contra a escolha de Haddad para vice mas foi obrigado a aceitar o nome do ex-prefeito depois da indicação do próprio Lula, abriu um debate na direção partidária na tentativa de limitar as ações de Haddad.
Dirigentes petistas classificaram a atitude como uma tentativa de submeter o ex-prefeito a uma espécie de "segundo turno" dentro do próprio PT no processo de escolha do possível sucessor de Lula, caso o ex-presidente, condenado e preso pela Lava Jato, seja impedido de concorrer nas eleições deste ano - o chamado "plano B". Segundo estas lideranças, o que está por trás do discurso é a manutenção da disputa pela vaga de Lula na disputa presidencial. Além de Haddad, são cotados para a vaga o ex-ministro Jaques Wagner e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Gleisi disse que, segundo Lula, Haddad está em "estágio probatório" e a forma como ele vai agir até o desfecho do caso do ex-presidente na Justiça Eleitoral vai determinar se ele será o substituto.