O candidato a vice-presidente pelo PT, Fernando Haddad, defendeu nesta terça-feira (28) a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que é "difícil" considerar Jair Bolsonaro, candidato pelo PSL, um "concorrente sério".
"Nossa convicção é de que o Lula seria o melhor condutor da saída da crise. Tem respaldo de quase 50% dos eleitores que pretendem votar", afirmou Haddad, após participar de atos de campanha no Rio.
Segundo Haddad, o apoio a Lula nas intenções de voto tem sido uma demonstração de que o PT poderia "derrotar o golpe moralmente". Por isso, "vários analistas já registraram que o Lula já ganhou as eleições".
"Resta agora o País ganhar as eleições. Para o País ganhar, o País tem que atender a recomendação da ONU", afirmou Haddad, se referindo à recomendação da Comissão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas para que Lula seja autorizado a concorrer nas eleições. O governo Michel Temer e o PT divergem quanto à obrigatoriedade da recomendação. "Não é qualquer coisa, é um tratado aprovado pelo Congresso Nacional", disse Haddad.
Questionado sobre até quanto o PT manteria Lula como candidato, apesar de todas as indicações de ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que a candidatura será impugnada, Haddad afirmou que o partido aguardará. "Vamos aguardar a decisão do TSE e do STF", disse o candidato a vice.
Ao comentar a disputa eleitoral, Haddad demonstrou preocupação com a falta de propostas de Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Lula. Segundo o ex-prefeito de São Paulo, quando perguntado sobre "qualquer coisa", Bolsonaro "não sabe responder".
"Quando ele parar de ofender e fizer propostas, talvez eu vá ter uma interlocução com ele", afirmou Haddad. "É muito difícil considerar Bolsonaro um concorrente sério", completou.
Haddad afirmou ainda que, "até onde foi possível" apurar, a Tesouraria do partido não usou seus recursos para pagar "influenciadores digitais" falarem bem de seus candidatos nas redes sociais.
A prática é proibida. Segundo resolução do TSE, "é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes".
O caso envolvendo o PT foi denunciado pela influenciadora digital Paula Holanda, que afirmou em sua conta no Twitter ter sido procurada por uma representante da agência de marketing digital Lajoy. Segundo ela, a agência a convidou para participar de uma ação "de militância política para a esquerda". O governador do Piauí e candidato à reeleição Wellington Dias seria alvo da terceira ação, após as duas primeiras terem sido, segundo Paula, sobre a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-SC), e sobre o candidato do partido ao governo de São Paulo, Luiz Marinho.
"Apuramos ontem (segunda-feira) o que foi possível. Checamos com as tesourarias do partido", afirmou Haddad. "Não foi usado recurso do PT para qualquer fim como esse. Salvo melhor juízo, a resposta é essa", completou o candidato a vice.