Atualizada às 21h50
Candidato a governador de Pernambuco pela Rede Sustentabilidade, o partido da presidenciável Marina Silva (Rede), Julio Lossio recebeu oficialmente nesta terça-feira (19) o apoio de dois dos principais aliados de Jair Bolsonaro (PSL) no Estado. O anúncio foi feito com alarde, em almoço para cerca de 250 pessoas, no Recife.
O material de campanha distribuído tem a foto de Lossio; da mulher, Andrea Lossio, candidata a deputada federal pela Rede, que não estava no evento; do coronel Luiz Meira, aliado de Bolsonaro que tenta um mandato de deputado federal pelo PRP; e do próprio presidenciável. Sem Marina.
Depois do anúncio, a Rede Sustentabilidade notificou Lossio por infidelidade partidária. Para o partido, ele fez “aliança não autorizada com candidatos de outra coligação que representam o que há de mais reacionário no Brasil”. O candidato terá 24 horas para apresentar sua defesa à Executiva Nacional da legenda e poderá ser expulso da REDE e ter o seu registro de candidatura cancelado na Justiça Eleitoral. Meira chegou a ser colocado como pré-candidato ao governo, para dar palanque a Bolsonaro. A postulação dele, porém, foi retirada pelo PRP, que decidiu apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB).
O PSL, partido de Bolsonaro, tinha a pré-candidatura de Gilson Machado Neto, mas também o rifou e decidiu seguir com o senador Armando Monteiro Neto (PTB), que disputa o governo contra Paulo. Sem Meira, Bolsonaro ficou sem palanque em Pernambuco. A movimentação aconteceu no momento em que Marina Silva sofreu uma queda na pesquisa Ibope. A candidata da Rede tinha 15% no levantamento divulgado no dia 5 de setembro e caiu para 8% das intenções de voto no que foi publicado nessa terça-feira (17). Já Bolsonaro cresceu, passando de 12% para 17%.
Apesar disso, o que teve o maior aumento, de 16 pontos percentuais, foi Fernando Haddad (PT), que agora tem 16%. Para o governo, Lossio tem 2% das intenções de voto em Pernambuco, dividindo o terceiro lugar com Maurício Rands (Pros), segundo a pesquisa JC/Ibope/TV Globo. Enquanto isso, Paulo e Armando polarizam: o socialista liderando, com 33%, e o petebista em segundo, com 25%. Apesar de aparecer em material de campanha com Bolsonaro, Lossio afirma que Marina Silva continua sendo a sua candidata à presidência.
“Todo mundo sabe quem é a candidata a presidente de Julio Lossio, todo mundo sabe o meu candidato. Mas temos os mesmos princípios”, afirmou Gilson Machado Neto. “Lossio é cristão, foi um dos primeiros a se rebelar contra a peça ‘Jesus rainha do céu’ em Garanhuns; reclamou da política de gêneros nas escola, ao afirmar que as crianças precisam aprender e estudar; foi um excelente prefeito; e tem uma conduta ilibada”, enumerou. “Assim, tem todos os predicados para estar ao lado de Bolsonaro”. “Você vai apoiar Bolsonaro no segundo turno”, disse ainda.
Meira afirmou que o apoio poderia levar Lossio para o segundo turno, apesar de ele estar a 23 pontos percentuais do segundo colocado nas pesquisas. “A direita estava órfã. Nós temos que ter um candidato a governador”, afirmou o coronel. Racha na Rede O anúncio do apoio de Meira a Lossio provocou reação na Rede Sustentabilidade. O divulgou uma nota em que desautoriza “qualquer aliança de seus candidatos majoritários com apoiadores da candidatura de Bolsonaro”.
“Quem manda na minha campanha sou eu, não é a Rede, não”, respondeu Lossio. Depois, dois integrantes da comissão executiva estadual. Victor Lima e Atailton Tavares, anunciaram o pedido de desfiliação. Lossio alegou que estava numa campanha muito isolada até conseguir o apoio de Meira e Gilson Machado Neto. O candidato ainda afirmou que a resistência na Rede vem de pessoas “verde por fora e amarelo por dentro”, em referência ao PSB.
Para ele, os correligionários que se manifestaram contra ele estariam insatisfeitos por terem perdido cargos no governo Paulo Câmara. Lossio foi eleito e reeleito pelo PMDB para a Prefeitura de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, deixando o cargo em 2016. Foi aliado do presidente Michel Temer, de quem era correligionário e a quem hoje diz ter “gratidão”, apesar de ter deixado o partido em 2017. Ele desembarcou da legenda para evitar um opositor histórico: o senador Fernando Bezerra Coelho, que se filiou com a estratégia de levar a sigla para o palanque adversário ao de Paulo Câmara.
"Mantenho meu apoio e militância em favor de Marina. Estou na rua, percorrendo as cidades defendendo nosso projeto para pernambuco e para Brasil. Infelizmente parte dos integrantes da REDE gostariam que nossa campanha fosse algo apenas para fazer papel coadjuvante e servir ao projeto do PSB. Eles tinham cargos no governo e parecem querer voltar aos braços do Palácio das Princesas. Minha vida foi sempre de grandes desafios e de muita dificuldade mas sempre entrei nas missões para vencer.
Vencer ou não faz parte do jogo mas eu vou até o fim buscando a vitória. Infelizmente eles perceberam que esse apoio do Coronel Meira e simpatizantes dele e da candidatura de Bolsonaro pode nos levar ao segundo turno e eles têm pavor em contrariar o Palácio das Princesas. Montamos palanque para Marina na região do Sertão , no Agreste (com nosso Vice Luciano e na Região Metropolitana).
Nossa aliança com Meira e seus simpatizantes e programática como defende Marina. Absorvermos itens de seu programa de Governo como:
1. Melhoria condições trabalho e salariais de cabos e soldados
2. Investimentos na inteligência das polícia
3 . Parceria com o fortalecimento das guardas municipais
Infelizmente esse pequeno grupo atrapalha nossa campanha e a de Marina. Querem ser donos do partido mas eu nunca aceitei nem aceito cabresto. No Rio a Rede pode apoiar Romário que tem outro Presidente. No Acre nosso senador Randolfe caminha com o DEM que vota em Alckmin. Aqui em Pernambuco eu que voto em Marina não posso receber apoio?"