O candidato do PSL à Presidência nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, vai reforçar a campanha para impulsionar o voto útil de eleitores antipetistas em sua candidatura na última semana das eleições, apostando em uma possível vitória no 1º turno. A pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo divulgada na segunda-feira, 1º, em que ele aparece com 31% das intenções de votos contra 21% de Fernando Haddad (PT), impulsionou uma nova onda de manifestações nas redes a favor dele.
As campanhas adversárias já estudam o cenário, mas analistas afirmam que a rejeição de Bolsonaro é a principal barreira para que o quadro se confirme. Nas redes sociais, militantes pedem para que eleitores de João Amoêdo (Novo), Alvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) "não votem por ideologia, mas para evitar a volta do PT".
A possibilidade de crescimento ainda maior de Bolsonaro na reta final já assombra concorrentes. A menos de uma semana das eleições, o militar da reserva chegou a 38% dos votos validos. É a maior alta desde o início da campanha.
Dentro da campanha do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, já há o temor de que Bolsonaro vença no primeiro turno, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O mesmo pode ser ouvido de marqueteiros e pessoas próximas às outras campanhas - que apostam na rejeição para, segundo eles, evitar o fim precoce da eleição.
Um marqueteiro de outra campanha ouvido reservadamente pelo jornal comparou o desempenho de Bolsonaro ao do ex-prefeito João Doria nas eleições de 2016, quando o tucano surpreendeu na reta final e ganhou de Haddad já no primeiro turno do pleito municipal. Para ele, o que aconteceu naquele ano pode ser repetir. Na ocasião, o crescimento de Haddad nos últimos dias fez com que a parcela antipetista reagisse de forma expressiva - o que garantiu a vitória de Doria no primeiro turno.
O discurso pela vitória no primeiro turno já esteve presente na manifestação favorável a Bolsonaro, no último domingo (30) na Avenida Paulista. O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) e o candidato ao Senado Major Olímpio reforçaram a possibilidade de vitória.
"Estamos um 'Alckminzinho' de vencer no primeiro turno, coisa de 5% e 6% (pontos porcentuais, na verdade)", disse Olímpio. Ainda durante a manifestação, militantes bolsonaristas pediram para que os eleitores "explicassem para parentes e amigos por que era importante votar em Bolsonaro e votar contra o PT ainda no primeiro turno".
Para o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie, a hipótese de vitória no primeiro turno tem a alta rejeição de Bolsonaro como principal barreira. "Ainda assim, se ele estivesse nas ruas, no corpo a corpo e participando dos debates, poderia criar uma onda grande e forte o suficiente para encerrar a eleição no próximo dia 7. Sem Bolsonaro nas ruas, considero esse fenômeno mais complicado", avaliou.