A comemoração da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição acabou com quatro pessoas baleadas no Farol da Barra, em Salvador, segundo atualização feita pelos órgãos locais de segurança pública nesta segunda-feira (29). Os disparos foram feitos pelo policial militar Manoel Landulfo Sampaio, que participava à paisana da manifestação. Diferentemente do que foi divulgado preliminarmente, ele não é apoiador do candidato derrotado do PT, Fernando Haddad.
O PM, de acordo com informações registradas nos autos, acessados pela reportagem, estava entre os apoiadores de Bolsonaro quando se envolveu em uma discussão com um vendedor ambulante, trocou socos com o homem e disparou, ferindo as quatro pessoas.
O policial estava sob efeito de bebida alcoólica e portava munições além das que já carregavam o revólver. Ele teve a prisão preventiva decretada e será encaminhado para o Complexo Penal da Mata Escura, na capital baiana.
Durante audiência de custódia, o juiz do caso concluiu que a liberdade do homem "contraria o princípio da ordem pública". A defesa dele não foi localizada pela reportagem. Em nota, o governador reeleito da Bahia, Rui Costa (PT), determinou a apuração rigorosa dos casos de violência.
Além dos tiros disparados por Manoel, uma militante do PT foi agredida por PMs no bairro do Rio Vermelho, reduto da legenda na orla de Salvador. Uma jovem de 21 anos, ligada ao movimento suprapartidário Esquerda Unida, apanhou com cassetetes e desmaiou, conforme vídeos compartilhados nas redes sociais.
Ela foi atendida no Hospital Geral do Estado (HGE) e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não confirma, mas a reportagem apurou que os policiais já foram identificados por meio do número da viatura. O caso será apurado pela Corregedoria da PM, por determinação do governador.
Em depoimento, a jovem relatou que havia uma confusão generalizada e que, ao sair em defesa de um homem que estava sendo abordado por um PM, foi surpreendida com o cheiro de gás de pimenta. Os três policiais militares que participaram da ação também prestaram depoimento na Corregedoria da Polícia Militar. Eles disseram que foram agredidos após tentarem apartar brigas e início de tumulto entre militantes de direita e esquerda.