O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou nesta terça-feira explicações da Petrobras e do Congresso sobre a denúncia de que executivos ligados à empresa receberam com antecedência perguntas que seriam feitas na CPI que investiga a compra da refinaria de Pasadena. O tucano disse que, caso fique provado o envio prévio dos questionamentos, o Congresso estará participando de uma "farsa".
"Não é o governo, é a Petrobras que tem que dar explicações e o Congresso. Realmente o Congresso tem que explicar. Se isso for assim, o Congresso está participando de uma farsa, o que é inaceitável", afirmou FHC. Ontem, questionada sobre o caso, a presidente Dilma Rousseff disse que cabia ao Congresso Nacional uma explicação. Perguntado sobre um possível aparelhamento da Petrobras, FHC disse que ele não visa beneficiar exatamente o governo, mas os partidos aliados.
Em sua edição de hoje, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que o encontro que discutiu perguntas e respostas de interrogados na Comissão do Senado foi realizado em sala anexa à da presidente da empresa, Graça Foster. A Petrobras se defende afirmando que as perguntas eram públicas e foram disponibilizadas no site do Senado. A CPI foi criada para investigar a compra da refinaria de Pasadena pela estatal brasileira.
Lula
Fernando Henrique falou ainda sobre sua relação com seu sucessor Luiz Inácio Lula da Silva, de quem disse que não se considera inimigo. Respondendo a uma pergunta do programa humorístico CQC, o tucano disse que convidaria o petista para assistir a um jogo do Corinthians em sua casa. "Eu nunca o considerei inimigo político, esse negócio de inimigo quem gosta é o Lula, o nós e eles."
Nas últimas semanas, os presidentes de honra dos dois partidos que polarizam há 20 anos a disputa política no Brasil trocaram farpas pela imprensa. FHC escreveu um artigo criticando a postura Lula durante o período eleitoral. Perguntado sobre o que achava do texto, Lula se limitou a dizer que não lia Fernando Henrique Cardoso. "Somos todos brasileiros, é um concorrente, espero que ele veja assim e não fique com essa história de nós e eles".