O plano de petistas ligados ao governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, é que o futuro controlador-geral do Estado, Mário Vinícius Spinelli, vasculhe contratos feitos pelo PSDB nos últimos 12 anos.
Conhecido por ter atacado uma máfia que desviava recursos da Prefeitura de São Paulo, Spinelli aceitou o convite de Pimentel e vai deixar o cargo de controlador-geral da capital paulista, na gestão de Fernando Haddad (PT).
Os petistas de Minas querem achar eventuais irregularidades que possam ter sido cometidas ao longo dos anos das gestões tucanas. Assim, o partido teria munição contra o principal opositor da presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Aécio, que perdeu a disputa presidencial contra Dilma e foi derrotado em seu Estado, segue fazendo dura oposição à petista.
Na capital paulista, Spinelli desmantelou uma máfia suspeita de desviar R$ 500 milhões do ISS. Na ocasião, ele cruzou informações sobre o patrimônio de funcionários públicos no começo da gestão Haddad e causou embaraços à equipe de Gilberto Kassab (PSD), antecessor de Haddad, e até em vereadores do próprio PT.
Em Minas, a ideia dos petistas é que Spinelli repita o trabalho feito em São Paulo. Desde a eleição de Pimentel, petistas mineiros defendem que o novo governo, além de fazer uma auditoria nas contas tucanas -especialmente das dívidas dos Estados-, também vasculhe os contratos fechados nos últimos 12 anos.
Pimentel e Aécio já foram aliados políticos em Minas quando o petista era o prefeito de BH (2004-2008) e o tucano era o governador (2003-2010). Chegaram a firmar uma aliança política que elegeu prefeito Marcio Lacerda (PSB), de BH.
Apesar de terem rompido essa aliança, eles mantêm uma relação de cordialidade, o que já rendeu críticas internas do PT a Pimentel.
FAMÍLIA EM MINAS - Dois fatores podem ter pesado para Spinelli aceitar o convite de Pimentel. Um deles é o fato de a família do controlador-geral morar em Minas.
O outro é que, em São Paulo, Spinelli andava insatisfeito com a falta de estrutura da prefeitura para o combate à corrupção -sua pasta conta hoje com menos de dez funcionários.
O controlador-geral da capital paulista contava com a criação de carreira para a pasta, que possibilitaria que a contratação de cem funcionários especializados em combater a corrupção, mas o projeto não foi votado na Câmara Municipal.
Nos bastidores, alguns vereadores petistas chegaram a garantir que a lei não passaria na Câmara Municipal, ignorando pedido de urgência na votação feito pelo próprio Haddad.
Ao apurar irregularidades de funcionários municipais, as investigações de Spinelli tropeçaram em pelo menos oito vereadores, entre eles o futuro presidente da Câmara, Antonio Donato (PT). O nome dele apareceu durante a apuração da máfia do ISS -Donato nega ter recebido dinheiro dos fiscais suspeitos.
A CGM virou uma marca e ao mesmo tempo uma dor de cabeça para a gestão Haddad. Foi responsável por descobrir e investigar vários casos de corrupção que levavam 11 servidores à prisão. No entanto, o prefeito passou a ser pressionado por aliados devido ao alcance das investigações.
Atualmente, a controladoria investiga ao menos 35 servidores com patrimônio milionário.