Com atraso de mais de dois meses, a Petrobras prevê submeter ao seu conselho de administração, nesta terça (27), o balanço financeiro da Petrobras referente ao terceiro trimestre.
Se aprovado, deve ser divulgado, mas sem o parecer de auditores independentes, como requer a lei.
O atraso deveu-se à revelação do esquema de corrupção na estatal. Sem citar valores, a empresa diz prever a subtração de valores atribuídos a pagamento de propina. O mercado estima baixas de R$ 10 bilhões a R$ 48 bilhões.
O balanço auditado deveria ter sido apresentado até 14 de novembro de 2014, mas não recebeu o aval da empresa PwC (PricewaterhouseCoopers).
Depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que cumpre prisão domiciliar, fez a PwC se recusar a assinar o documento até que o efeito da corrupção nos negócios da estatal fosse conhecido e eliminado.
Com isso, a Petrobras se viu obrigada a reavaliar os ativos construídos pelas empreiteiras denunciadas por Costa e, desde dezembro, impedidas de fechar contratos com a estatal.
A conta será feita tomando como base o depoimento de Costa, que citou propina de 3% sobre o valor dos contratos, e a capacidade de os ativos darem lucro. Deloitte e BNP Paribas foram contratados para ajudar na avaliação.
Não se sabe quando a PwC assinará o balanço. "Isso só vai ocorrer quando ela tiver certeza de que todo o desconto possível foi feito", diz executivo de uma empresa de auditoria.
A presidente da estatal, Graça Foster, disse em dezembro que, como mais denúncias podem surgir, pode levar anos até que se saiba o preço da corrupção.
O balanço a ser apresentado não atenderá à lei, mas servirá para mostrar a situação financeira da companhia. Evita, ainda, o vencimento antecipado de dívidas por credores que exigem balanços, mesmo que não auditados.
A Petrobras precisa apresentar esse balanço auditado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) até 14 de novembro de 2015, ou terá seu registro de companhia aberta suspenso.
Já a lei americana exige que o documento auditado com as demonstrações de 2014 seja apresentado até o final de abril. Caso contrário, as ações da estatal deixarão de ser negociadas na Bolsa de Nova York.