Em mais uma crítica à articulação política do governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quinta (12) que os partidos aliados da presidente Dilma Rouseff precisam "conversar mais".
O peemedebista reafirmou a autonomia do Congresso sobre o Poder Executivo e disse que cabe ao Legislativo dar a palavra final sobre vetos de Dilma a matérias aprovadas pelos congressistas.
"Qualquer matéria que tramite no Congresso Nacional, se ela for sancionada, a última palavra é da presidente. Se ela for vetada, a última palavra é do Congresso Nacional. Essa foi uma conquista que nós precisamos preservar", disse.
Renan não quis comentar a possibilidade da presidente substituir o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) na articulação política do governo. Apesar de o PMDB criticar nos bastidores a condução do petista, Renan disse que "não viu nada ainda" sobre o fato.
"Eu acho que essa questão da articulação de governo está afeita aos partidos. Não cabe ao Congresso Nacional opinar sobre ela. O Congresso tem que ser cada vez mais Congresso. Não conversei ainda sobre essa coisa da articulação."
COLISÃO
O PMDB entrou em rota de colisão com o Planalto nos últimos dias, depois que os nomes de Renan e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), figuraram na lista do petrolão elaborada pela Procuradoria Geral da República entre os políticos suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras.
Renan chegou a devolver uma medida provisória ao Planalto e disse que colocaria o veto ao Imposto de Renda em votação, para ser derrubado pelo Legislativo.
Depois, articulou com o Planalto um acordo para manter o veto em troca da edição da medida provisória que concedeu reajuste escalonado para a tabela do imposto. Por outro lado, liderou manobra nesta quarta para "derrubar veto à prorrogação de um acordo entre a Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobrás, e indústrias de energia do Norte e Nordeste -que acabou fracassando.
A Câmara chegou a derrubar o veto, mas o Senado manteve a não prorrogação do acordo após forte atuação do governo, numa derrota para Renan.
O presidente do Senado também desconversou ao ser questionado sobre as manifestações marcadas para domingo (15), contrárias ao governo federal.